7.8.12

 

Por estes dias, caravanas de carros com matrícula estrangeira vão atravessando as nossas fronteiras. Dentro destes carros, famílias portuguesas a viver no estrangeiro cumprem o ritual anual de regresso às origens e, na maior parte dos casos, um regresso a aldeias que vivem um estado de quase abandono, salpicadas aqui e ali por familiares mais velhos que vão teimosamente resistindo a abandonar as suas terras.

Com o regresso destes milhares de portugueses, por algumas semanas, entramos num registo de euforia coletiva. Deixamos de ter tanta necessidade de dormir, pois temos todo um ano de assuntos para colocar em dia, em sessões contínuas de tagarelice familiar. Os dias parecem curtos para tudo o que se quer ver e visitar. São dias de êxtase em que a realidade parece ser arrumada numa gaveta e a habitual depressão coletiva, agora alicerçada numa crise económica que o país atravessa, se desvanece.

Somos historicamente um país dado à melancolia e à tristeza. O fado está aí para o comprovar, no entanto, um qualquer turista estrangeiro que nos visite por estes dias, tem dificuldade em encontrar a melancolia e tristeza que fado tão bem transmite.

A hipomania tem tendência para ser subavaliada. É mais pequena do que a irmã mania, tem uma duração curta e pode ser confundida entre outras condições, com stress, bipolaridade, irritabilidade ou euforia, e quando se consegue finalmente uma consulta num técnico de saúde da especialidade, já a hipomania foi embora.

Infelizmente, por estes dias o país parece estar igualmente a passar um breve e ligeiro episódio de mania, que em breve se desvanecerá e dará de novo lugar à habitual melancolia e tristeza, como se tudo não durasse mais do que um sopro.

Embora apenas agora o mês de Agosto se tenha iniciado, já se podem começar a contar os dias para o fim deste ciclo de hipomania nacional.

 

Alexandre Teixeira (articulista convidado)


Link deste ArtigoPor Mil Razões..., às 20:05  Comentar

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