10.8.12

 

Portugal, após o período de crescimento e desenvolvimento económico e social, que poderá balizar-se como tendo tido início na data de adesão à CEE (denominação da época), em 1986, e que terá culminado no período que mediou entre a realização da Expo 98 e a organização do Euro de futebol em 2004, entrou em estagnação e, de há um par de anos a esta parte, está em estagnação.

É humano, por ser agradável, que os portugueses rapidamente se tivessem habituado a ter casa e com níveis de conforto acrescidos, automóvel de cilindrada cada vez maior, férias muitas vezes no estrangeiro. Se e quando o dinheiro não era suficiente, havia crédito. Fácil e barato.

Alguém (quase todos?) se foi esquecendo de produzir, pelo menos para equivaler este nível de consumo de “primeiro mundo”.

A certa altura uma ou outra voz, mais ou menos isolada, foi preconizando que em Portugal se estava a viver acima das possibilidades. Não, não era connosco, com cada um de nós, quanto muito seria com algum vizinho, vagamente conhecido.

Do estado de negação Portugal teve que assumir a realidade, não nos aguentávamos sozinhos no barco; precisávamos de pedir ajuda às instituições europeias e mundiais. De fora veio e instalou-se alguém para nos dizer objetivamente quando, como e o que podíamos fazer.

Traduzindo: perdeu-se o emprego, perderam-se empresas, foram-se regalias e “direitos inalienáveis”; para além das férias perdeu-se a casa ou, então, como se teve, abrupta e radicalmente, que abandonar os hábitos consumistas, se temos casa, ela serve para nos isolarmos, muitos de nós como que ficámos em prisão domiciliária, pois sair custa dinheiro.

O acesso ao Serviço Nacional de Saúde ficou muito menos fácil para muitos.

Estamos deprimidos, envergonhados, frustrados, revoltados, com a autoestima a níveis mínimos.

Haverá capacidade, meios humanos e financeiros, para avaliar em tempo útil, quão doente Portugal (os portugueses) está? E essa falta de saúde mental de que modo e com que profundidade afeta a saúde física dos portugueses?

Portugal, o estado e a sociedade civil, como vai fazer para se tratar, para recuperar?

 

Jorge Saraiva (articulista convidado)


Link deste ArtigoPor Mil Razões..., às 20:05  Comentar

Pesquisar
 
Destaque

 

Porque às vezes é bom falar.

Equipa

> Alexandra Vaz

> Cidália Carvalho

> Ermelinda Macedo

> Fernando Couto

> Inês Ramos

> Jorge Saraiva

> José Azevedo

> Maria João Enes

> Marisa Fernandes

> Rui Duarte

> Sara Silva

> Sónia Abrantes

> Teresa Teixeira

Agosto 2012
D
S
T
Q
Q
S
S

1
2
3
4

5
6
7
8
9
11

12
13
15
16
18

19
20
22
23
25

26
27
29
30


Arquivo
2019:

 J F M A M J J A S O N D


2018:

 J F M A M J J A S O N D


2017:

 J F M A M J J A S O N D


2016:

 J F M A M J J A S O N D


2015:

 J F M A M J J A S O N D


2014:

 J F M A M J J A S O N D


2013:

 J F M A M J J A S O N D


2012:

 J F M A M J J A S O N D


2011:

 J F M A M J J A S O N D


2010:

 J F M A M J J A S O N D


2009:

 J F M A M J J A S O N D


2008:

 J F M A M J J A S O N D


Comentários recentes
gostei muito do tema artigo inspirado com sabedori...
Não podia concordar mais. Muito grata pelo comentá...
Dinheiro compra uma cama, mas não o sono...Compra ...
Caro Eurico,O cenário descrito neste artigo enquad...
Grande artigo, que enquadra-se com a nossa realida...
Presenças
Ligações