18.2.14

 

Numa entrevista de trabalho:

“No registo que a empresa de Recursos Humanos me enviou, indica “disponibilidade condicionada”. O que significa isto?”

 

“Bom, desconheço os motivos concretos que levaram a entrevistadora a escrever isso, mas o facto é que eu tenho disponibilidade para trabalhar para a sua empresa dentro de um horário normal de trabalho, sabendo que, no final do dia, quero ir para casa, abraçar os meus filhos, ajudar nos trabalhos de casa, preparar-lhes uma bela torradinha, falar sobre como correu o dia, brincar… No fundo, a minha disponibilidade está condicionada por aquilo que considero o natural equilíbrio das coisas: o trabalho é importante, mas a vida pessoal também o é, e para mim, a família é um valor importante…”

 

A entrevistadora manteve um silêncio sorridente, que interrompeu numa declaração suspirada:

“Pois, mas o mercado de trabalho atual não se compadece com essas coisas. Eu própria, ao ouvi-la falar assim, olho para trás, e vejo que perdi muitos desses momentos de convívio e partilha com os meus filhos… eles agora já são grandes. E o tempo não volta atrás.”

 

O tom de voz muda quando contínua: “Bom, mas de facto admiro-a por ter a coragem de assumir essa posição. Aqui na empresa, é importante que os colaboradores tenham consciência de que há horas para entrar mas não há para sair. Mas desejo-lhe muita sorte e que essa sua posição nunca a prejudique.”

 

A reunião termina com a troca de mais algumas palavras e com um aperto de mão.

A entrevistada sai apressada, não querendo perder mais do seu tempo ali.

 

E sorri, por dentro e por fora. Sorri, porque sabe que, um dia, ao olhar para trás, nunca vai ter aquele olhar vazio e triste quando pensar nos empregos que podia ter tido se tivesse abdicado dos seus valores.

O seu olhar será feliz, brilhante, repleto de recordações maravilhosas, que não deixou de viver, em troca de trabalho escravo (ou, se preferirem, em troca do atual mercado de trabalho).

 

Sandrapep

 

Link deste ArtigoPor Mil Razões..., às 10:00  Comentar

Pesquisar
 
Destaque

 

Porque às vezes é bom falar.

Equipa

> Alexandra Vaz

> Cidália Carvalho

> Ermelinda Macedo

> Fernando Couto

> Inês Ramos

> Jorge Saraiva

> José Azevedo

> Maria João Enes

> Marisa Fernandes

> Rui Duarte

> Sara Silva

> Sónia Abrantes

> Teresa Teixeira

Fevereiro 2014
D
S
T
Q
Q
S
S

1

2
3
4
5
6
7
8

9
10
12
13
15

17
19
20
22

24
26
27


Arquivo
2019:

 J F M A M J J A S O N D


2018:

 J F M A M J J A S O N D


2017:

 J F M A M J J A S O N D


2016:

 J F M A M J J A S O N D


2015:

 J F M A M J J A S O N D


2014:

 J F M A M J J A S O N D


2013:

 J F M A M J J A S O N D


2012:

 J F M A M J J A S O N D


2011:

 J F M A M J J A S O N D


2010:

 J F M A M J J A S O N D


2009:

 J F M A M J J A S O N D


2008:

 J F M A M J J A S O N D


Comentários recentes
gostei muito do tema artigo inspirado com sabedori...
Não podia concordar mais. Muito grata pelo comentá...
Dinheiro compra uma cama, mas não o sono...Compra ...
Caro Eurico,O cenário descrito neste artigo enquad...
Grande artigo, que enquadra-se com a nossa realida...
Presenças
Ligações