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Vários cenários se afiguram acessíveis a refletir em torno de um tema que para muitos constituiu um dos maiores problemas sociais. Como parte do continente negro que durante séculos, devido ao jugo colonial e ao “atraso” que o remeteu à cauda no ranking de desenvolvimento, seria tentado a enveredar por uma abordagem eminentemente rácica, porém trivial. Entretanto, uma abordagem mais objetiva e profícua do termo mostra-se mais ajustada ao meu exercício lexical.

O racismo é um tipo de preconceito, uma ideia preconcebida e pejorativa a respeito de uma etnia, raça, ou um povo em particular (www.significados.com.br). De facto não me enganei a respeito das diferenças entre as pessoas, faltava um conetor, esta ligação lógica, tal compreensão morfológica que despe a seco a falta de consenso patente nas disputas concetuais, algumas vezes associada à falta de extensão e inelasticidade das nossas posições às dos outros e até a discriminação que enfrentamos nas cadeias de relacionamento.

O’Sullivan, Sheffrin & Nishijima (2004:74) defendem de forma lacónica que o termo elasticidade mede a sensibilidade de resposta da quantidade demandada à mudança sobre as variáveis que a determinam. A relação casual entre a procura e a oferta percecionada através do respetivo preço determina a respetiva elasticidade. Entretanto, a reação dos consumidores a mudanças de preços varia de um para outro bem, em face de sua disponibilidade; os consumidores podem recorrer, em resposta a esses estímulos, a bens substitutos.

Quando se tem uma ideia preconcebida sobre determinada pessoa, as ideias por ela apresentadas e defendidas são tacitamente rejeitadas, são nocivas, não são consumíveis. A perceção que se forma à partida bloqueia qualquer interesse consciente ou inconsciente de capturar e digerir de forma seca e objetiva as suas ideias. A fraqueza humana é semita, muralha que esconde as nossas fragilidades, limitação em compreender o nosso semelhante.

Evidentemente que esse exercício inconsciente é parte da nossa luta e das nossas convicções, afinal, as pessoas são feitas de valores adquiridos e consolidados ao longo da sua vivência. A transposição cultural é um ato de autossuperação na medida em que incorre sobre nossas próprias crenças implicando algumas vezes a destruição criadora e consequente aceitação de novas ideias sempre que acrescentem valor a longo prazo.

Comportamentos racistas incitam a convicção de superioridade de determinada raça com base em diferentes motivações, assente na busca da perfeição, de um modelo único, na busca de uma posição de poder e vantagem relativamente ao outro, que redunda sempre num ciclo de frustração progressiva. Saber lidar com o stress compreende a tolerância, atitude de aceitação, cedência, abdicar ou adiar interesses imediatos para posterior, comprando paz com os outros. A indulgência é sabedoria, uma competência distinta no campo da gestão de conflitos que permite a rápida integração e aceitação nos diferentes ciclos e fóruns.

Assim, como superar e encontrar uma solução win-win ao diferendo que possa existir nas relações humanas? Através do diálogo contínuo centrado na razão, guiado pela lógica, evitando-se clivagens maiores que possam interromper o diálogo, sem se frustrar. É partilhando ideias que crescemos e aprendemos, uma total abertura ao mundo da descoberta sem contemplação, o que exige aceitar a nossa fraqueza como condição para aprendizagem contínua e para o renascimento.

A isenção humana é outro sinal de superação dessa dificuldade presente, naturalmente, na maior parte das pessoas. Em ciências sociais a qualidade de ser isento, também, pressupõe muito além da aplicação da velha ou mágica fórmula pois é pouco provável que determinado procedimento ou área de intervenção rejeite ou seja imperial relativamente a outros campos do conhecimento científico e mesmo sagaz.

Um mundo sem preconceitos pode revelar-se uma utopia na medida em que as diferenças são a base da existência e diversidade humana, o desafio diante dessa realidade é o sinuoso caminho da unificação que remete ao perdão primeiro a nós próprios e depois aos outros.

 

Antonio Sendi

 

Link deste ArtigoPor Mil Razões..., às 10:00  Comentar

De Dário Pessa a 17 de Fevereiro de 2015 às 10:19
Concordo plenamente caro Dr. Sendi, o facto é que por vezes tentamos corrigir as pessoas de actos ou atitudes, nao no sentido de julgar mas sim no sentido de ensinar e só por esse acto nobre já começam confundir que ''lá vem o sabe tudo'', que por vezes é acompanhado de um nome racíco, mas ningúem é mais que ningúem, como defende John Locke (1632-1704) ao nascermos somos uma tábua rasa e o todo o processo do conhecer, do saber e do agir é aprendido através da experiência que é contínua.

MC.
Dário Pessa

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