No Jornal de Notícias de 16 de dezembro de 2012 lê-se: “Governo quer agravar as sanções para lares clandestinos”. Esta notícia aparece no seguimento do fecho de duas instituições "por perigo iminente para os direitos dos idosos e para a sua qualidade de vida, suscetíveis de colocar em risco a sua integridade física e psíquica".
Fechar ou sancionar parece ser mais fácil do que abrir novas ou promover e incentivar para que haja melhores condições nessas mesmas instituições.
Parece ser que, como todos nós já sabemos, há imensos lares clandestinos a tratarem de forma desumana o Ser Humano. Também há lares oficiais, estatais, e também lares legais, privados, a fazê-lo, assim como grandes hospitais.
Pessoalmente, tenho de dizer que é algo que me perturba de sobremaneira. Altas mensalidades não são garante de absolutamente nada. Longos anos de trabalho, de vida, de dar, que acabam de forma tão inaceitável, não são garante de nada!
Idealmente os nossos direitos de cidadão deviam incluir uma velhice com dignidade, com amor da família e todos os cuidados médicos necessários e bens e cuidados essenciais.
Saad (1990) refere que "a pessoa é considerada idosa perante a sociedade a partir do momento em que termina a sua atividade económica" e acrescenta também que "o indivíduo passa a ser visto como idoso quando começa a depender de terceiros para o cumprimento de suas necessidades básicas ou tarefas rotineiras".
Descontamos quarenta anos para depois termos de pagar a uma instituição qualquer para nos tratar mal. Fragilizados, doentes, dependentes, deprimidos, senis, temos que nos sujeitar a este nosso estado social cada vez menos social.
Reformas miseráveis, rabo molhado e insultos, parecem ser o destino trágico que nos aguarda. Aproveitemos cada fôlego, cada momento, porque não auguro bom final.
Que se dane a cidadania! O velho de 80 anos é, claramente, menos cidadão que um homem de 40 no auge da carreira.
Ana Teixeira