O telefone toca uma, duas, três vezes. E quando atendemos, a única coisa que corta o longo silêncio é uma breve expiração que chega do outro lado. Apesar de todos os esforços, o silêncio mantêm-se e vai-nos roendo por dentro. Porque é que ninguém fala? Terá sido alguma coisa que eu disse? Terá sido alguma coisa que eu não disse? Terá sido a forma como eu disse alguma coisa? Todas estas questões e muitas mais vêm à cabeça enquanto o silêncio vai persistindo em se manter em linha, e nenhuma resposta parece surgir. Quando o telefone é desligado, uma sensação de alívio pelo desconforto ter terminado mistura-se com um pensamento: “Que mais poderia ter feito para ter desatado aquele silêncio?”.
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A conversa vai animada, as palavras fluem como um rio, pergunta atrás de pergunta, resposta após resposta. Parece que foi ainda ontem que nos vimos pela última vez, tal o à vontade com que os temas vão desfiando. E de repente surge aquela pergunta que dávamos tudo para que não tivesse surgido: “Então os teus pais? Que é feito deles que nunca mais os vi?”. E um silêncio que parece não ter fim antecede a resposta: “Morreram no ano passado...”. Alonga-se o silêncio por mais um breve infinito, após o qual o desconforto é já demasiado para a conversa voltar a arrancar.
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Já lá vão sete anos de casamento e apesar de todos os bons momentos e de tudo de bom que o casamento trouxe, parece que a distância entre os dois vai crescendo inexoravelmente após cada discussão, após cada pergunta que fica sem resposta, após cada dúvida que não é desfeita. E a falta de respostas só vai aumentando as dúvidas, as inseguranças.
Como é que ele não percebe que ao não dar-se ao trabalho de responder às questões, ao não perder tempo a desfazer as dúvidas, ao simplesmente virar as costas e sair em silêncio, está apenas a condenar a relação ao fracasso?
Até onde pode o Amor resistir quando não há comunicação? Quando apenas um dos lados se esforça por esclarecer e conversar e falar sobre o que se sente?
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Estes três pequenos textos têm apenas o intuito de ilustrar alguns dos efeitos que o silêncio pode ter em cada um de nós, lembrando assim que, por vezes, o silêncio tem tanta importância como a falta dele.
Alexandre Teixeira
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