29.9.09

 


 

O Homem nasce altamente incapacitado. É talvez o único ser que, à nascença, precisa que lhe satisfaçam as necessidades básicas para a sua sobrevivência. As potencialidades estão lá em cada um, fazem parte integrante do ser mas é necessário tempo para as desenvolver.

Diz o povo que, ao 1 andante e ao 2 falante, o que significa que precisamos pelo menos de um ano de observação para desenvolver a capacidade de andar, imitando os que assim se deslocam. Com meses de vida impõe-se alterar os hábitos alimentares e passar a mastigar; a natureza já fez o seu trabalho - já nos dotou de dentição. Os ossos ressentem-se e queixam-se da força do crescimento.

Testemunhamos estas alterações sem preocupação, fazem parte do processo natural de desenvolvimento.

 

Ao longo da vida vamos enfrentando obstáculos e adversidades e vamos desenvolvendo capacidades para seguir em frente. Mas por vezes surgem incapacidades: incapacidade de confiar, de dar, de escutar, de falar ou de estar calado. Mas ainda assim, continuamos o nosso percurso.

De repente, quase sem dar por isso, descobrimos o primeiro cabelo branco, arrancamos o primeiro dente (definitivo), temos as primeiras dores nos ossos, agora não pela força do crescimento, perdemos agilidade, marcamos encontro com o envelhecimento. Iniciamos nova fase do nosso percurso e, de incapacidade em incapacidade, lá continuamos com a capacidade que temos de nos adaptarmos. Também aqui estamos dentro de um processo natural de desenvolvimento.

 

Mas bem diferente é quando a incapacidade é adquirida ou resulta de uma doença, interrompendo o processo natural de desenvolvimento. Quem sofreu um acidente incapacitante vê, abruptamente, alterada a sua forma de vida e a sua rede de relacionamentos. Ele próprio, o acidentado, fragiliza-se ainda mais retirando a si mesmo um sentimento de confiança. Numa sociedade em que existe o culto do corpo perfeito, uma amputação é factor complexizante, não deixando ao indivíduo mais que duas alternativas: empreender uma luta para se adaptar e continuar a viver, ainda que de forma diferente, ou morrer.

 

O instinto de sobrevivência actua no sentido de desenvolvermos capacidades básicas, mas quanto do nosso potencial estará por descobrir só porque simplesmente nunca precisamos de testar as nossas reais capacidades?

 

Cidália Carvalho

 
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25.9.09

 


 


Rir…


Rir à gargalhada, rir até perder o fôlego.

Deixarmo-nos invadir por um dos melhores remédios - rir: até chorar, até deixar de sentir os músculos, até perder a noção do ridículo!

Sentir todo o corpo a dançar ao som das melodiosas e infindáveis gargalhadas! Deixar as endorfinas invadir a nossa mente e ficarmos completamente inebriados.

Rir de nós próprios, com os outros e sobre os outros.

Soltar sons, como pássaros que anunciam a primavera, dar a conhecer o nosso contentamento, a nossa alegria ou a nossa momentânea euforia.

Rir…

Rir porque sentimos o sabor da vitória, encontramos alguém especial, ou porque perdemos um vício!

Rir para celebrar a vida e cada minuto da nossa existência, para festejar o que de muito ou pouco um dia nos traz.

Mas rir, sorrir e sentir que o universo se ilumina quando nos rimos. Saber que o mundo se transforma quando as nossas gargalhadas invadem os espaços, vazios ou cheios, pequenos ou grandes.

Rir porque se despertou do coma! Deixar que as piadas e com as piadas nos façam sentir a vida a percorrer nas nossas veias.

Rir faz bem! Rir cura! Rir é necessário para manter o equilíbrio mental! Rir protege-nos de envelhecer e de ser amargo!

Rir alto, tão alto para que nunca possamos esquecer que o riso é uma das melhores coisas da vida!

E nunca, nunca parar de rir mesmo quando a vontade não exista ou tenha desaparecido.

Riam - é gratuito, não dói e sabe tão bem.




Susana Cabral

 
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22.9.09


 


O Blog Mil Razões… completa hoje o seu primeiro ano de existência.

A todos os que têm vindo a contribuir, com os seus Artigos, com os seus comentários, com as suas visitas, ou com os seus links, os nossos PARABÉNS.

 

Mil Razões...
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21.9.09

 


 


- Tinha 14 anos, veio-me o período num dia em que eu vestia umas calças brancas. Pois eu andei a passear naquela figurinha pelos pavilhões da escola! LM

 

- Eu estava na universidade, os meus colegas acederam ao meu computador e estiveram a ver fotos minhas de foro privado; não satisfeitos espalharam-nas e a faculdade inteira pode ver… AA

 

- Era eu já moça graúda quando levei uma chapada, da minha mãe, em praça pública e fiquei sem saber onde havia de meter-me! VA

 

- No meu local de trabalho não entendi o que me pediram e, à frente de todos, mostraram-me como se fazia, mas de uma forma ridícula, tratando-me como uma débil mental. O pior foi a falta de educação e os modos com que falaram e berraram. JA

 

- Dei a minha palavra a um colaborador em como ele iria ser promovido e, consequentemente, transferido. Entretanto o administrador da empresa mudou de ideias, sem razão aparente, e eu tive de transmitir as novas decisões. RP

 

- Fui apanhada num autocarro com um bilhete que não dava para o percurso que estava a fazer, sem ter consciência disso, e fui posta na rua enquanto todos olhavam para mim. SC

 

- Casadinha de fresco, convidei os meus pais e padrinhos para irem a minha casa. A minha gata num acesso de fúria rasgou as minhas cortinas novas. Após um longo e demorado esforço para esconder as cortinas e o seu rasgão, o meu pai descobriu-as e, sem qualquer pudor, certificou-se de que todos ficassem a saber o meu “segredo”. LM

 

A quantas mais pessoas perguntarmos, mais e diferentes respostas se obterão, tendo em comum a fronteira quase imperceptível entre a vergonha e a humilhação.

A vergonha e a humilhação são amantes que se complementam de tal forma que nem sempre conseguimos fazer a distinção. O encaixe é perfeito, a sintonia entre ambas é duma cumplicidade tal que se torna complicado sabermos quando sentimos uma ou vivenciamos a outra.

Poderemos dizer que a humilhação é a vergonha multiplicada várias vezes?

O facto de ser vista com as calças manchadas será mais uma vergonha de adolescente, ou a humilhação de saber que se ficou exposta à troça dos outros?

Mexer na nossa privacidade será uma humilhação, ou apenas a vergonha de todos ficaram a saber aquilo que cuidadosamente se escondeu durante anos?

O facto de a nossa independência ser posta em causa, de nos fazerem sentir ainda uma criança dependente e com laços parentais marcados, será uma forma de humilhação, ou vergonha?

Sermos expostos, descobertos, mexerem na nossa privacidade, colocarem a nossa palavra em causa, duvidarem da nossa honestidade, situações que nos levam a sentir como “bicho” sob a lente de um microscópio em que todos poderão ver, observar, concluir, tecer opiniões, fazer julgamentos, é sinónimo de humilhação?

A humilhação sente-se como se fossemos trespassados por uma fria e metálica espada, que rasga impiedosamente a nossa sensibilidade, ficando muitas vezes moribundos e sem qualquer capacidade de resposta. À pressa tentamos esconder a cara, os sentimentos e os pensamentos. Temos necessidade de resguardo, não queremos ver ninguém e muito menos ser vistos.

Rezamos para que rapidamente se esqueça aquele episódio em que fomos invadidos por um sentimento que nos torna frágeis e deixa profundas e permanentes feridas.

Rebaixarmo-nos perante as maldades, vontades, desejos e desígnios dos outros ou pura e simplesmente estar exposto à crítica, à troça, ao gozo dos outros, faz com que a humilhação seja um dos sentimentos mais complicados, mais difíceis de gerir e de digerir.

 

Susana Cabral

 
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18.9.09


 


Pedro descobrira aquele refúgio por mero acaso. Uma improvável conjugação rochosa criara uma gruta de difícil acesso, dimensões consideráveis e quase impenetrável à luz. Fechou os olhos e avançou com movimentos delicados, tacteando o chão e as paredes, até encontrar uma zona de areia fina onde se sentou.

 

Ali, completamente só, despojado de tudo, envolto pela escuridão e pelo silêncio, pensou ter finalmente encontrado o que há muito tempo procurava: a tranquilidade e a paz. Sentiu-se muito leve, quase suspenso, liberto de demónios antigos que antes o asfixiavam. E assim se abandonou durante horas, numa renúncia confortável e reparadora.    

 

De súbito, um raio de luz rasgou a gruta e criou na areia um círculo de contornos precisos. No centro, um pássaro vermelho, resplandecente, fitava Pedro. Instintivamente fechou os olhos, mas não conseguiu mantê-los cerrados nem desviar o olhar daquela presença de vida tão esmagadora. Sentiu-se inquieto, desconfiado e com medo. Os sentimentos negativos tinham voltado. E Pedro percebeu que a gruta apenas lhe proporcionara tranquilidade, mas não lhe trouxera a paz.

 

José Quelhas Lima


 

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15.9.09

 


 


E toco-te assim ao de leve

Na pele pelo sol queimada

Em contraste nos lençóis

Na tua pele minha amada

Cuido da ferida aberta

Aquela bem visível

A que sangra por dentro

Mostra-se irredutível

E por mais que faça e esforce

Por mais de mim que dê

Essa ferida que tens meu anjo

Continua aberta e sei porquê

Mas certeza tenho eu

Daquelas absolutas

Que essa ferida que te magoa

Não será das resolutas

Num dia morno de sol

Quando a dúvida se dissipar

Descobrirás tu meu amor

Que encontraste o teu lugar

E daí em diante e para sempre

Nesse local que te acolheu

De mãos dadas com a escolha

A tristeza para ti morreu

 

Rui Duarte

(Imagem: Melancholy, de Arthur Braginsky)

 
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11.9.09

 


  

Quer dizer, andamos para aí com uma ideia alojada no cérebro a dizer-nos que devemos alguma coisa a alguém, seja uma pessoa ou um Deus. Faz comichão.

Ao mesmo tempo, claro está, é porque nos aconteceu algo de bom, ou recebemos algo valioso (amizade, um bom conselho, ajuda para resolver um problema, um Porsche Carrera...).

Vá lá que hoje em dia a gratidão parece estar em vias de extinção. Quando nós nascemos, não sabemos já que tudo nos é devido? Não foi para isso que viemos aqui parar, para ser felizes? Para quê sentir gratidão por ter saúde, amigos, família, um tecto sobre a cabeça, trabalho. E as obrigações, sobretudo o conceito de estar em dívida a alguém, é um aborrecimento.

É então que normalmente entra em jogo a realidade. A vida nem sempre corre bem. Aliás, muitas vezes não corre nada bem. E é injusta. E passa-nos rasteiras. E julgamos que tomamos a decisão certa e quando damos por ela, tudo se desmoronou à nossa volta. Ou então, um belo dia fomos de férias para um destino exótico e reparamos que há pessoas a nascer, viver e morrer nas ruas, a passar fome e a ver os filhos a morrerem-lhe nos braços. Pessoas sem nenhuma das coisas que tomamos por certas.

Quando era miuda, um gelado de chocalate chegava para eu me sentir agradecida. Na adolescência juntei outras coisas: ter amigos divertidos e boas notas – precisamente por esta ordem. Depois fui acumulando outras coisas, como ter tanta gente que gosta de mim e de quem eu gosto tanto e não ter dívidas ao Fisco.

Agora estou a tentar passar ao patamar seguinte, aquele em que agradecemos por aquela velhinha que vai a conduzir o carro à frente do nosso a 12 km/hora quando já estamos atrasados para o compromisso mais importante da nossa vida, porque nos vai ensinar a ser mais pacientes e a exercitar o auto-controlo.

Ou quando estamos na fila na estação dos correios há meia hora e alguém nos passa “distraidamente” à frente, porque vamos poder conversar sobre o que é o civismo e depois vamos ter uma oportunidade de testar os nossos reflexos.

É claro que há dias em que tudo isto falha e eu mando a gratidão às urtigas. Se bem que isso é outra história...já fizeram algum artigo sobre “a neura”?

Mas de um modo geral, sinto-me muito grata por ter tanta coisa de que me sentir agradecida.

Ah, e em jeito de nota de rodapé: sempre que possível, é mooontes de giro retribuir toda essa gratidão que sentimos dando aos outros motivos para se sentirem agradecidos também.

 

Dora Cabral

 
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8.9.09


 


“Que sensação é esta de opressão no meu peito? Esta tensão? Este vazio no estômago? Esta inquietação? Esta preocupação que estou a sentir? De onde vêm estas dores de cabeça? As mãos estão molhadas… Falta-me o ar.”

 

Está a sofrer de ansiedade. A ansiedade acontece porque as emoções e os pensamentos estão constantemente e permanentemente ligados ao corpo físico. A ansiedade é uma resposta natural do organismo, um sinal de alerta que indica a necessidade de estar atento e vigilante perante uma potencial ameaça, real ou imaginária. Mas, é este estado de alerta que nos faz agir! É isto que nos impulsiona num mundo que por vezes desconhecemos e que nos foge ao controlo! É assim que somos capazes de enfrentar os desafios que a vida nos apresenta.

 

Assim, este estado de ansiedade pode ser considerado normal quando é temporário, de intensidade reduzida e circunscrito a situações novas e inesperadas. Pode, no entanto, prolongar-se no tempo e aumentar de intensidade causando grande desconforto e, inclusive, sofrimento. As preocupações constantes, excessivas e de difícil domínio, podem afectar seriamente a nossa vida. A ansiedade quando é incapacitante condiciona e altera drasticamente o nosso estilo de vida, podendo afectar gravemente a nossa saúde. As preocupações tornam-se o centro da nossa vida e ocupam, pouco a pouco, todo o pensamento.

 

 “Não consigo dormir! Não sinto fome! Não me sinto bem! Não sei o que sinto! Não consigo modificar os pensamentos! E este aperto que não desaparece?! Mas, vou seguir em frente mesmo sem saber o que me reserva o futuro. Vou continuar a caminhar, passo-a-passo, e vou começar por partilhar este aperto no meu peito!”

 

Ana T

 
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4.9.09

 


 

“Há um remédio para as culpas: reconhecê-las.” - Franz Grillparzer

“A principal e mais grave punição para quem cometeu uma culpa está em sentir-se culpado.” - Séneca

 

Segundo o dicionário, a culpa é “um sentimento de responsabilidade e remorso por uma ofensa, crime, erro, quer seja real ou imaginária”. Contudo, culpa é muito mais que isso… É um sentimento que faz parte da condição humana, que provoca grande dor, tristeza e sofrimento naquele que se sente culpado, ocorrendo assim, um julgamento interior.

 A culpa surge quando detectamos que erramos, ou reprovamos algumas das nossas acções ou pensamentos.

Muitas vezes o ser humano não consegue lidar com a própria culpa, limitando-se apenas a omiti-la, vivendo uma dor solitária e não compartilhando com ninguém, por vergonha do seu acto que é, por si, reprovável. Temos medo de ser apontados, de ser reprovados!

A culpa é uma reavaliação de um comportamento passado visto como reprovável.

 

É importante saber reconhecer a culpa e saber lidar com ela; contudo, no ser humano surge uma incapacidade de lidar com o erro, uma lamentação interior daquilo que já ocorreu.

Surgem também falsas crenças (verdades em que acreditamos), convicções que nos levam a ter culpa e que, na realidade, podem não ser verdade. É importante a sua desmistificação, ou seja, estar atento à realidade, aperceber a falsa convicção.

Todos já sentimos culpa, esporadicamente, mas existem pessoas que vivem constantemente com a culpa. Carregam uma cruz e não conseguem “ver-se livres dela”. Será que são mesmo culpados? Ou vivem com uma falsa crença?

A culpa é muito subjectiva, é uma avaliação pessoal que fazemos do nosso acto passado. Será que essa avaliação é fidedigna? Que legitimidade temos para nos culparmos?...

 

Liliana Pereira

(Foto: Konchilis’ sni, de Eliara)

 
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2.9.09

 


 


O abandono é consequência de um acto, o acto de abandonar.


Quem abandonou tomou uma decisão, reflectida, egoísta ou altruísta, é uma decisão que manifesta uma vontade e, como tal, estará preparado para as consequências do acto, ou não estando, revelar-se-á esta como uma má decisão. Se alguém abandona o emprego, o curso académico ou o lar, terá prevenido alternativas, ou não; em todo o caso, recairão sobre o próprio os efeitos da sua conduta, responsabilizando-o.


A mesma responsabilização não se pede ou exige a quem é abandonado. Este, impreparado porque se confronta com uma situação inesperada, e quase sempre indesejada, desenvolve outros sentimentos e comportamentos por forma a adaptar-se, resultado que nem sempre é conseguido. Neste caso, o abandono passa a ser causa de outros sentimentos, como a tristeza, o isolamento, a solidão, a falta de auto-estima e de amor próprio.


Normalmente, à dor de “se fui abandonado é porque desiludi, não estou à altura”, sobrepõem-se comportamentos doentios, depressivos. A vida de Florbela Espanca foi marcada por abandonos sucessivos e perdas dos quais resultou uma depressão e a concretização do suicídio à terceira tentativa. Por vezes a reacção é destrutiva, transfere-se para outros toda a raiva e frustração, impõem-se comportamentos agressivos e violentos, e inflige a si próprio uma destruição lenta; as dependências podem ser sintomas disso mesmo.





A reacção ao abandono, dos movimentos migratórios é algo bizarra. Os pais migrantes vivem com o sentimento de que abandonaram os filhos; “arrumam” este sentimento e vivem o dia-a-dia na convicção de que esta separação contribui para o bem-estar dos filhos e para lhes proporcionar um futuro melhor. Os filhos, sem a visão dos pais, sentem-se desprotegidos, desamparados. É no mês de férias que passam juntos, que tudo se compõe. Os pais compensam os filhos com exuberantes manifestações de afecto; os filhos fazem perante terceiros exibições narcisistas dos seus pais. Todos se esforçam por mostrar que são uma família normal; na prática, estão a armazenar reservas para mais uma ano de separação.





Cidália Carvalho


 

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