O Natal chega todos os anos, à mesma hora, no mesmo dia. E ainda assim, previsível como é, desperta-nos, motiva-nos, leva-nos a reflectir e a pensar, anima ou entristece-nos. Todos os anos, esta data vem recheada de sensações, emoções e sentimentos antagónicos: felicidade e tristeza, ansiedade e paz, preenchimento e vazio, calor e frio.
Com diferentes significados – consoante as pessoas, as histórias, os passados, o momento actual, o futuro que se aproxima – o Natal provoca sentimentos ambivalentes e ambíguos em muitas das pessoas que o vivem.
É a saudade que se instala, por todos os Natais passados, felizes, que nunca se irão repetir, nem nunca sairão da memória. É a expectativa de um novo amanhã (talvez melhor, talvez pior), a incerteza do que virá, os desejos de um futuro melhor. É o regresso àqueles que amamos e que nos amam, o reatar das ligações significativas. É a curiosidade das prendas a caminho, o dar e o receber. É a alegria de reunir a família e/ou a tristeza de reunir a família. É tudo e não é nada. É bom e mau. Positivo e negativo.
De todas as festas do ano, o Natal é sem dúvida a que cria maior alteração emocional, quer positiva, quer negativa, em todas as pessoas que vivem esta época. Mas porquê?
Pela importância dada à família? Pela importância dada ao consumo e ao poder de compra? Pelas expectativas altas (às vezes, irrealistas, até) criadas em torno desta época? Pelo final do ano civil em curso e o início de um novo ano? Por todos estes aspectos e muitos mais...
A verdade é que o Natal chega, para alguns de nós, como o momento da verdade, o “vai ou racha” da rotina que se instalou durante o ano e que não se quer repetir, uma fase de transição que representa a possibilidade de uma mudança para melhor. E enquanto dura esta época festiva, enquanto duram os festejos de Natal, visualizam-se as possibilidades, deixam-se voar os sonhos, sempre na esperança de um amanhã mais meigo, mais recheado e colorido.
Ana G.