15.12.09


 


Quando pensamos no Natal, a primeira imagem que nos surge leva-nos para os convívios em família alargada, com todas as gerações da família reunida.

As matriarcas na cozinha a ultimar as doçarias da época, os patriarcas a discutirem o mais recente acontecimento político do panorama nacional enquanto vão bebericando um cálice daquele Porto antigo que só respira nestas alturas, e as crianças a correrem e a explorarem tudo o que o tempo e os adultos lhes vão permitindo, enquanto não chega a hora de rasgar aquele papel mágico que provoca labaredas de mil e uma cores na lareira que a avó diligentemente acendera para manter a família quente e confortável.

 

No entanto, tal como tudo na vida, também o Natal é mutável e vai-se pintando de tonalidades diferentes ao longo da vida...

Hoje em dia, tenho um Natal um bocado ao lado do que é tradicional. A Avó deixou de existir, deixei de voltar à casa da Avó e comecei a viajar nesta época para diferentes destinos com a família mais próxima.

Se no início tudo isto me soava algo estranho e me sentia deslocado e com saudades dos natais de criança, com o tempo também esta forma de Natal se foi tornando tradicional e familiar, apenas um pouco ao lado.

Deixou de haver troca de prendas, mas passou a haver a felicidade de conhecer novas formas de viver o Natal. Deixou de haver filhoses e rabanadas, mas passou a haver cachorros quentes debaixo da Torre Eiffel. Deixou de haver toda a família alargada junta, mas passou a haver um encontro de culturas em cada catedral visitada. Deixou de haver o cálice de vinho do Porto, mas passou a haver a caneca de vinho quente com canela que aquece a noite fria enquanto não chega a hora da Missa do Galo em Checo.

No entanto, por mais diferenças que encontre entre os Natais de hoje e os de antigamente, existem pontos que se mantêm.

A ansiedade de ver o Natal chegar, estar com as pessoas que nos querem e que tanto queremos, mas acima de tudo, o que se vai mantendo são a memórias boas que vou construindo a cada Natal que vai passando. E hoje acredito que mais importante do que qualquer prenda material que possamos receber, é o que vivemos nesta época que faz com que seja tão especial.

 

Alexandre Teixeira

 
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Link deste ArtigoPor Mil Razões..., às 18:07  Ver comentários (1) Comentar

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