Primitivamente, a família aparece para assegurar a herança dos bens dentro do mesmo grupo de pessoas.
Família é, historicamente e na cultura ocidental, um grupo de pessoas do mesmo sangue.
Mas a família tem vindo a transformar-se e está longe da visão materialista primitiva e do simples conceito de consanguinidade.
As mudanças religiosas, os factores económicos e socioculturais, transformaram-na e, hoje, o papel da família vai muito para além da defesa da propriedade privada e da estrutura inicial de pai, mãe, filhos e irmãos.
A família como agregação social não obedece a um único padrão pelo que fará mais sentido falar em famílias, no plural.
Hoje, compete aos membros de cada família responder às mudanças internas e externas, criando, dentro do grupo, condições de protecção psico-social dos membros, assimilar uma cultura e assegurar a sua transmissão. Esta dupla função, de dar e receber dos seus membros e da sociedade, é tanto mais bem conseguida quanto mais estruturada for e mais definidos estiverem os papeis de cada elemento, funções que têm que ser atribuídas com base no diálogo, franqueza e respeito mútuo pela individualidade de cada um.
Só com estes ingredientes se pode estabelecer uma relação de partilha, não de posse, que permita transformar a família num núcleo gerador de afectos, onde os seus membros se sintam seguros satisfeitos e úteis.
Cidália Carvalho