O envelhecimento demográfico da população, o registo crescente de doenças oncológicas, infecciosas (como a infecção VIH/SIDA), doenças neurológicas degenerativas e a insuficiência de órgão (como a insuficiência cardíaca, pulmonar ou hepática) tem levado ao aumento do número de doentes crónicos, para quem o objectivo da cura não faz sentido. Estes doentes padecem de grande dependência e sofrimento, quer físico, decorrente dos sintomas causados pela patologia de base, quer psicológico.
Os profissionais de saúde são “treinados” para a cura, o que faz com que tratamentos penosos e exames desnecessários sejam realizados na tentativa de alcançar uma “cura utópica”. A falência da cura não deve ser encarada como uma derrota, mas sim como um ponto de partida para um tratamento diferente: o tratamento dos sintomas que causam sofrimento, o apoio ao doente e à família, a aceitação da MORTE e a aposta na qualidade de vida. Este é o objectivo dos Cuidados Paliativos. Através de equipas multidisciplinares os Cuidados Paliativos centram-se nesta missão e impõem-se como uma necessidade cada vez mais iminente na sociedade e como um direito humano.
Joana Gonçalves