Mudança é a palavra de ordem.
Muda-se por tudo e por coisa nenhuma; muda-se porque se quer, porque se pode, porque a isso se obrigam ou nos obrigam, muda-se para ser diferente, muda-se não se sabe bem porquê, muda-se porque sim. As alterações sucedem-se a um ritmo tal que ponho em causa a capacidade de nos adaptarmos a tanta novidade. Ainda mal o nosso cérebro processou um novo software e eis que nos lançam novos desafios, novos cursos de formação para outros mais avançados.
Nas empresas, o modo como se fazia deixou de ser, passa a fazer-se de forma diferente, muitas vezes formas já anteriormente experimentadas, mas que importa? Importante mesmo, é mudar. Os ativos humanos, como agora se chamam às pessoas nas empresas, são avaliados por esta capacidade de adaptação à mudança.
Mudam-se os hábitos. O que se come, o que se veste, o que se diz e como se diz, os gestos, as entoações, tudo entra ou sai de moda.
A necessidade de mudança está tão presente que se muda o que naturalmente o tempo vai mudando. Em nome de um pretenso bem-estar, da busca do belo e do perfeito, e reivindicando o direito a isso, contraria-se o efeito que o passar dos anos impõe aos nossos corpos. Num frente-a-frente, a vontade de mudar e a não aceitação da pessoa tal como é, quase sempre a primeira leva a melhor. Parte-se então, para uma nova fase da vida. Hoje, põe-se aqui, tira-se ali, corta-se o excesso, amanhã poderá ter de ser o contrário, a moda o dirá. É estonteante!
É minha convicção que muitas mudanças se processam longe do que entendo ser a verdadeira identidade humana, e não são mais do que formas de cada um procurar o seu verdadeiro “eu”.
Também sinto necessidade de mudar, mas estou longe de conseguir a mudança que procuro. É uma mudança lenta que precisa de tempo para se processar. Esforço-me para que a vida, a minha vida, chegue e sirva o meu objetivo de mudança. Como digo, estou longe de conseguir mas sinto-me a mudar e quero chegar ao ponto de não confundir o meu semelhante com os atos que ele pratica, não o valorizando pelo que tem ou faz, mas respeitando-o e amando-o por, simplesmente, ser pessoa.
O tempo dirá se, com este entendimento, não serei também eu uma peça descartável por estar fora de moda...
Cidália Carvalho