O tema “Estar longe” encaminha-nos imediatamente para a distância física, mas especialmente para a psicológica. Transporta-nos para pensamentos como “… quão triste e desolador é ter alguém perto fisicamente mas a quilómetros de distância de nós”. As razões? São muitas. Ou porque não há entendimento, ou porque os objetivos e os interesses são diferentes ou porque o caminho torna-se naturalmente diferente. Um lugar-comum….
Não tendo particular interesse nesta abordagem, talvez seja mais oportuno lembrar algo que é ESSENCIAL numa relação próxima e de cumplicidade. O abraço. O toque. Algo que não é possível dar quando há distância física e é MUITO difícil dar quando há distância mental. O toque apresenta, no entanto, um sem número de benefícios. Salvaguardando as diferenças culturais, o toque em geral, e o abraço em particular, pode afetar positivamente o corpo, a mente e o espírito de outro ser humano. Embora tenha sido demonstrado que as diversas formas de toque expressivo fornecem benefício em geral e que o toque terapêutico, por exemplo o usado no Reiki, acalma o corpo, mente e espírito, pode acontecer que, quando entramos no espaço pessoal de outro ser humano de uma forma verdadeiramente solidária, com a intenção de ajudar, todas as formas de toque expressivo têm o efeito do toque terapêutico. Se a energia segue o pensamento, então todo o toque intencional vai trazer vantagens.
O toque apresenta um papel vital desde o útero até à velhice. A pele, o maior órgão do corpo humano, tem um papel preponderante no desenvolvimento e manutenção da própria vida. A sensibilidade táctil parece ser um dos primeiros sentidos a surgir.
Sabemos que o toque, seja através da pele, língua, lábios ou mãos, tem uma representação enorme a nível cerebral.
Durante os séculos dezanove e vinte, os orfanatos apresentavam uma taxa de mortalidade muito elevada porque as crianças lá acolhidas não tinham o essencial, o carinho transportado pelo colo, pela carícia, pelo abraço, pelo toque. René Spitz (1887-1974) demonstrou isso através do seu interesse particular no desenvolvimento das crianças e do foco dos seus estudos. A carência emocional parece poder evoluir para depressão, redução da mobilidade, insónia, marasmo e morte.
O toque reflete e vai de encontro às necessidades físicas e psicológicas. Estabelece equilíbrio emocional. Uma sensação de calma e preenchimento, de segurança e felicidade. Pode superar inseguranças, tristeza e até, em certa medida, a própria doença. E sabemos que em estado de doença a necessidade de atenção e contacto físico pode ser maior.
É importante que todos nós tenhamos a noção, a consciência do valor integral do toque expressivo e da importância de encontrar maneiras de incorporar esta modalidade na prática, no nosso contacto diário com os outros, de forma natural, nas nossas relações. Cria empatia e estabelece ligação, reduz drasticamente a distância e promove a proximidade.
Em jeito de despedida, sinta-se, respeitosamente e carinhosamente, osculado e abraçado.
Ana Teixeira