Quisera eu ter a coragem, frontalidade, humildade, moralidade e inteligência emocional de algumas destacadas figuras, ilustres, do nosso meio. Estes são apenas, alguns aspetos, mas suficientes, assentes e caraterísticos de homens que foram abençoados pela sua inteligência, e assim espalham suas convicções a nós outros. Suas vivências são verdadeiras campanhas de peregrinação espalhando luz onde abunda incerteza.
Quem não conhece ou reconhece algum líder, não tem olhos de ver. Conhecer até é mais difícil, depende da sorte, destino de cada um e dos seus gostos. Agora, reconhecer (e assim admitir) é um ato de bom senso, pois exige algum sentido de abstração e isenção na análise pontual e factual dos parâmetros de aferição e distinção das pessoas pelas suas qualidades. Defeitos acompanham as qualidades como é óbvio, aliás a imperfeição é maior certeza quanto a morte relativamente ao ser humao, admitamos!
Estes ilustres gozam de sanidade mental distinta. Como todo bom motor, sabem calibrar as funcionalidades de ativação, no momento de produção da atividade intelectual, e de relaxe no momento de renovação. Cada momento é igualmente importante, e funcionam com uma conivência e reciprocidade totalmente complementares. Provavelmente, num e outro momento, na apreciação de muitos (os comuns), os líderes podem passar-se por pessoas com insanidade mental.
Os líderes muitas vezes são tidos como pessoas extremistas ou incomuns, porque os comuns não os entendem, não alcançam o seu virtualismo e não se dão o tempo de formar ideia própria senão fruto de especulações materialmente irrelevantes, subjetivas e infundadas, portanto, fora do parâmetro do verdadeiro conhecimento, muito além, situadas num nível bastante inferior da escala do conhecimento, designado de crenças.
Infelizmente, as sociedades intoxicadas são como verdadeiras autoestradas de crenças que colidem a alta fluidez. Escasseam-se, estrategicamente, os espaços para debates, troca de ideias, onde se produzem consensos, enfim, formação do conhecimento. A redução de massa crítica retira qualidade das tertúlias, assim, os debates perdem profundidade, os consensos perdem as bases lógicas de aferição e as respostas aos problemas são perfeitamente infundadas voltando-se sistematicamente ao ponto de partida. Essa “destruição criadora”, no sentido negativo, dá lugar a massificação de murmúrios multiplicadores que redundam em ruídos, pois a crítica é impedida com slogan de evitar represálias.
Nessas condições não se promove o desenvolvimento porque acredita-se que o “consenso” resulta da imposição de ideias pela direção de topo, as quais devem ser cegamente obedecidas antes de consumir e dissecar a informação. Se se promove tão naturalmente a morte intelectual, porque nos posicionamos como colaboradores? Existirão, efetivamente, equipas, grupos, ou ainda comissões de especialidades de trabalho? Caberá a cada um de nós despertar e lembrar-se de saber separar as três partes ou componentes do corpo do humano, sendo que a cabeça estará sempre acima e em cima dos demais.
A luta dos líderes é de proteger os oprimidos e desprotegidos, assgurando assim justiça e equidade social. O conhecimento assenta-se na verdade, a verdade requere consensos. Diante de várias crenças, respetivos elementos argumentativos e uma única verdade, caberá aos decisores o papel de alinhá-las em encontro a uma razão.
António Sendi (articulista convidado)