A educação pode ser sinónimo de afeto, atenção, acompanhamento, definição de uma moral e de inculcação de valores. Cabe de facto aos pais, na base, ou a outro, ajudar a criança a definir um caminho a seguir. Educar pode ser sinónimo de providenciar o melhor desenvolvimento pessoal possível para que as crianças se tornem adultos felizes com sentido de cidadania.
No entanto, a nossa cultura atribui à educação, num sentido mais lato, a instrução escolar e académica. Quanto mais preparado, mais conhecedor de matérias várias e complexas, e quanto mais alto o nível, melhor. Daí que o enfase esteja em boas escolas, de preferência privadas que constem no ranking nacional, bons explicadores, bons centros de estudo, quanto mais caros melhor, e boas universidades.
A sociedade enfatiza a necessidade de termos bons estudantes, com excelentes médias, porque desta feita teremos bons profissionais. Não se pergunta: como estás, como te sentes? Pergunta-se: Quanto tiraste no exame? Como está a escola? Mas será que médias de 19 valores significam bons profissionais? Será que termos médicos, com um percurso universitário exemplar, significa termos um serviço de qualidade? Pessoalmente já me deparei com alguns sem o mínimo de sensibilidade e humanidade. A pergunta urge: Quero um bom profissional ou um sensível? A resposta é pronta: Quero um bom profissional com sensibilidade e humanidade. Pode a sociedade, com todos os seus agentes educativos, ensinar e preparar jovens adultos em todas as vertentes?
Este tipo de cultura social que enfatiza o “eu” incitando as crianças desde bem cedo a serem as melhores em todas as atividades, aumenta o risco da sua desumanização devido ao elevado nível de competitividade que lhes é imposto pelos adultos que colaboram na sua educação.
Pode esta cultura, excessivamente competitiva, contribuir para diminuir os laços afetivos das crianças, crescendo e tornando-se adultos infelizes, contribuindo dessa forma para uma sociedade descentrada dos seus valores emocionais e mais infeliz.
Num artigo de André Jegundo, de 2012 a propósito do Relatório Mundial sobre Felicidade, lê-se: “Nem felizes, nem deprimidos: os portugueses “vão andando””. Quando deixaremos de ser “mornos”? Nem “quentes”, nem “frios”?
Ana Teixeira