Foto: Atrás de dinheiro – Petr Kratochvil
Dinheiro, carcanhol, pilim… São várias as designações desse motor de uma sociedade (cada vez mais) capitalista. É a nossa moeda de troca e, às vezes, até de crenças: pensamos, irremediavelmente, que nos salvará a vida. Mas quando em excesso, algo se perde… algo de humano. Perde-se a (pouca?) humanidade que ainda nos resta. As pessoas mais ricas acabam por se fazer valer da sua influência financeira para ocultar todo o tipo de perversidades, sejam elas morais, sociais económicas, políticas… O dinheiro anda sempre de mãos dadas com o poder político. Há, inclusive, estudos demonstrativos de que quanto maior a riqueza, valores como a compaixão, bondade e empatia vão diminuindo. A vaidade toma-lhes o lugar. Quem pouco tem, arranja maneira de encher mais os bolsos; quem já tem muito, quer sempre mais. Torna-se um ciclo vicioso (queremos viver nele?!).
Não posso ser hipócrita: traz felicidade? Não sei… Mas ajuda em muita coisa. Quem não gosta de ter um sítio para morar e o que comer? Chegar ao fim do mês e saber que tem como fazer face às despesas? Seria utópico viver no mundo onde este não existisse… se não fosse esta a moeda de troca seria outra, com certeza, baseada (quase) nos mesmos princípios. Pensar que chega fazer o que gostamos, não é suficiente… É bom e motivador ser recompensado pelo trabalho, por aquilo a que damos o litro todos os dias. Dadas as circunstâncias, hoje em dia, nem sempre é assim… e a sensação de frustração cresce. Ter o suficiente para começar a ser independente, para não voltar todos os dias ao quarto da filha-família, à casa que não é nossa, conseguir desenvencilharmo-nos sozinhos… sem incomodar os pais, não depender deles até sabe-se lá quando…
Mas é também necessário que não nos tolde os sentidos, que o dinheiro – ou melhor o poder que vem associado ao dinheiro – não nos suba à cabeça, não nos torne prisioneiros dele. Para todos os efeitos não somos somente números (ou não deveríamos), somos gente! E é preciso não esquecer a humanidade que ainda resta em cada um, num todo que ainda acredito existir…
Sandra Sousa