Foto: Pink Piggy Bank – George Hodan
Dinheiro, cifrão, vil metal. O diabo, a perdição, a bolsa de oxigénio ou tranquilidade financeira. Ganância ou medo. Perder ou ganhar.
Cada pessoa terá uma vivência muito particular em relação ao dinheiro. O que é que tu pensas sobre dinheiro? O que pensas sobre ter ou não dinheiro? O que sentes quando pensas em dinheiro? Qual a reação do teu corpo quando pensas em dinheiro? Certamente a tua resposta difere consoante a experiência que estejas a ter no momento com essa tão importante energia. Se estiveres a receber uma bela quantia, talvez te sintas feliz, satisfeito e seguro. Se gastares o pouco que possas ter, talvez te sentiras ansioso, preocupado ou magoado. Isto significa que a experiência de lidar com dinheiro é muito emocional e, por isso, pessoal, pois a maior parte das pessoas não é racional quando lida com questões financeiras e essa é uma vivência que mexe profundamente com as emoções. Se me roubam, vivencio uma emoção muito forte, negativa, pois sinto-me traída, invadida, abusada. Se ajudo financeiramente alguém, uma causa ou instituição, experimento emoções muito positivas, porque estou a contribuir para um mundo melhor ou estou a ajudar a aliviar o sofrimento, sinto-me uma pessoa bondosa e fico, assim, com uma boa autoestima. Mas, em abono da verdade, o dinheiro é neutro. Ele não é nem bom, nem mau. Portanto, a relação que estabeleço com ele é uma fonte riquíssima de informação pessoal, ajudando a construir uma identidade mais real de quem, de facto, sou. Sou confiante? Sou insegura? O valor que atribuo a mim mesma é proporcional ao meu saldo bancário? Alimento autoculpa, pois acho que, por algum motivo, não sou merecedora da vida equilibrada e feliz que o bem-estar financeiro proporciona? Tenho coragem para utilizar as minhas forças de modo a criar mais valor no mundo, inclusive financeiro? Faço, profissionalmente, aquilo que me realiza e faz feliz? Sou madura emocionalmente ao lidar com diferentes pessoas e desafios? A minha relação com o dinheiro é saudável? Sei dar, mas sei, igualmente, receber? Sou obcecada ou vivo preocupada, aprisionando-me cada vez mais numa miríade de emoções e pensamentos desgastantes, quer tenha muito, quer tenha pouco? E, por último, vejo a importância de construir a independência financeira, que dar-me-á liberdade mas, sobretudo, apaziguamento mental e emocional, responsabilizando-me, totalmente, pelo meu futuro?
Não sejamos franciscanos nesta matéria, pois o dinheiro permite-nos ampliar os nossos recursos culturais e desenvolver variadas competências importantes no nosso caminho para uma maior autonomia, e também para trazermos mais prosperidade à vida de outros.
Nem todos os preços que pagamos, valem a pena. Alguns até prejudicarão mais a nós e aos outros do que beneficiarão, se não prestarmos atenção e refletirmos com muita sapiência sobre as consequências futuras que implicarão as nossas decisões.
Mas a conquista da autossuficência, autonomia, liberdade e tranquilidade não tem preço. Custe o que custar.
Marta Silva