30.9.16

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Foto: Bridge - James De Mers

 

A noite inteira na cama, enrolando-se e desenrolando-se no lençol, sem a menor hipótese de sono. De repente, “Good day sunshine”, dos Beatles, encheu o quarto. Deu um salto e olhou o rádio-despertador; eram sete e trinta. Interrompeu o locutor quando este dizia qualquer coisa sobre os cinquenta anos do “Revolver”. Estava hoje tão decidido como ontem em procurar ajuda para mudar a sua vida, talvez ainda fosse a tempo de mudar também o rumo da sua família; continuar a sentir esta vontade era um bom sinal.

Fez uma pausa fixando o olhar no teto escuro e levantou-se. Apressou-se para o banho; não conseguia recordar há quanto tempo não se levantava tão cedo, nem há quanto tempo não tinha pressa de começar o dia. Foi uma sorte ter conseguido aquela consulta tão em cima da hora e não queria mesmo perder a oportunidade, não queria mesmo voltar a perder-se. Olhou-se no espelho e fixou-se na imagem dos seus cabelos em turbilhão, na barba espigada, nos olhos inchados. Apesar de insone, sentia-se cheio de energia, talvez por força da adrenalina provocada por esta sua aposta.

 

- Então, Ricardo, o que dirás à terapeuta? Por onde irás começar? O princípio é sempre um bom começo!

As mãos iniciaram os preparativos do banho e a cabeça começou a lista dos pontos que queria abordar, do que era necessário que falasse mesmo que não fosse relevante para a terapia, mas era importante para ele, para acertar contas consigo mesmo, agora que aceitou o problema e que percebeu que não conseguiria resolvê-lo sozinho. Desde logo a ideia fixa no jogo, a memória das suas experiências, a permanente especulação de resultados, a constante elaboração de apostas, a necessidade de conseguir dinheiro para jogar. Depois a necessidade de aumentar a dimensão das apostas para conseguir uma maior excitação, a inquietação e a irritação que sente quando não joga, ou quando não joga o suficiente. A total incapacidade de parar de jogar, ou mesmo de jogar menos. Percebeu que também é necessário dizer que joga para fugir aos problemas da sua vida, para aliviar o desconforto, o desamparo, a ansiedade e a culpa que sente, tantas vezes provocados pelo facto de não conseguir parar de jogar. Já perdeu tanto, tanto dinheiro, mas acreditando sempre que, se voltar no dia seguinte, recuperará tudo e com prémio; completo engano. Mentiu tanto, a tantas pessoas, escondendo o seu vício, a sua dependência, mentindo a si mesmo. Aceita tudo isso como verdade, pela primeira vez. Na noite de ontem percebeu para onde caminha, sozinho, mas que o caminho poderá ser outro, mas não sozinho. Fez muitas coisas que não deveria, cometeu ilegalidades e crimes para conseguir dinheiro. Felizmente as pessoas foram compreensivas e tolerantes, mas perdeu um excelente emprego e uma carreira na qual tanto investiu. E com o emprego perdeu a família - a maior perda de todas, bem maior do que a perda do seu amor-próprio. Pediu tanto dinheiro emprestado, fez tantas promessas que nunca teve intenção de cumprir, para poder jogar. Sente-se execrável, mas também e pela primeira vez, com alguma esperança que as coisas possam vi a ser diferentes.

 

- Sr. Ricardo Fontes!

Levantou-se; eram nove horas precisas. Começou a caminhar junto com a empregada da clínica, em direção ao gabinete. No estômago, aquela sensação de quando decide fazer uma aposta; esta era bem alta e o estômago já sabia disso. Sentiu que este era o início da nova caminhada e que já não caminhava sozinho.

 

Fernando Couto

 

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26.9.16

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Foto: Game-Bank – Stefan Schweihofer

 

Não existe melhor jogo que a vida, nem pior.

Tal como num casino temos várias modalidades onde podes apostar, sendo que, existem umas em que a hipótese de sucesso fica inteiramente à sorte (ou ao azar) e, outras em que podes manipular um pouco mais as tuas chances.

Na roleta, por exemplo, apostas nos números, nas cores, nos pares ou impares etc.. Faites vos jeux e a bola rola. Sem interferências ou piedade. É bom que tenhas apostado bem porque o que saiu, saiu. Quando tudo para, fazem-se as contas.

Já no Blackjack as coisas são diferentes. O que saiu, saiu. Fazem-se as contas e decides se apostas ou não.

Depois existem outros tipos de jogos. Os menos legais (ou vigiados), menos transparentes. Joga-se pela calada, em que muitas vezes sai vencedor o que conseguiu contornar as regras. Ou não ser apanhado. Uma sueca entre amigos não está seguramente na órbita da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. Assim como muitos outros jogos que rolam na clandestinidade das cidades, vilas e aldeias.

 

Na roleta joga-se muitas vezes a saúde. Nascemos com marcadores genéticos, permanecemos em hábitos e comportamentos. A bola vai rolando e nunca se sabe o que vai sair e quando vai sair. A medicina manipula resultados, é certo. Mas para quê? No final tudo morre. A saúde é roleta onde nunca se ganha.

Na escolha e carreira profissional joga-se como no Blackjack. Apostas para entrar, vais andando e vês se continua a valer a pena. Claro que por vezes parece que tens uma mão vencedora, apenas para descobrir que o dealer que te emprega no final levou a melhor.

 

Depois existe o amor. Vale tudo, diz-se. Joga-se às claras e às escuras. Assumido ou clandestino. Sem regras e sem árbitros. Pode-se manipular tudo e todos desde que se ganhe em proveito próprio. Se calhar dizer que se ama apenas pelo outro é tanga. Conversa de travesseiro e humanidade autoimposta. Não seremos todos egoístas no que toca à autopreservação emocional? Talvez não. Já não sei nada. Entrei a jogo sem ver o livro de instruções.

Enfim, o que tem de bom é que existem apostas mínimas.

O que tem de mau é que às vezes jogaste as fichas todas.

 

Rui Duarte

 

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23.9.16

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Foto: Clock - Gerd Altmann

 

Logo à nascença, é-nos atribuído como companheiro de vida-toda, uma figurinha estranha, um diabinho muito peculiar - meio volátil, meio volúvel, meio sombra, meio raio (-que-o-leve).

Enquanto pequeninos, limitamo-nos a brincar com ele, inocentemente, e deixar que alguém o domine por nós. Depois, aos poucos, mais cedo ou mais tarde, queremos tomar-lhe as rédeas. Com mais ou menos conflitos e tropeções, todos temos pressa de ser amos do nosso próprio Tempo - sofregamente, sem gastar nem um minutinho precioso a aprender a compreendê-lo e a ouvir os conselhos de quem já aprendeu a respeitá-lo, ou de quem o aprisiona cruelmente no sótão, cheio de mofo e bolor... Nem sei se "Gestão do Tempo" consta dos currículos académicos da Vida. Talvez não, ou talvez ninguém esteja interessado. Talvez o Tempo não seja uma coisa com a qual se aprenda a lidar, por ser tão volátil e temperamental. Ele é matreiro, escapa-se-nos entre os dedos, brinca às escondidas nos ponteiros dos relógios (vã tentativa humana de o domesticar!), disfarça-se de Dia e de Noite, finta-nos com os enganadores recomeços - do ano, das estações, das fases com faces novas. Como podemos dar-lhe palavra de ordem, fazê-lo esperar, dizer-lhe que corra, quando temos pressa, mandá-lo ter paciência, quando temos preguiça, enfim, decidir da sua sorte em nosso favor, já que temos que arcar com ele agarrado a nós? Isso deve ser ciência para mentes muito evoluídas e organizadas e divididas em compartimentos estanques, para não haver possíveis perdas de tempo. Não para a minha, com certeza. Refrear o Tempo, acompanhá-lo a compasso ou mantê-lo escrupulosamente aparado, nunca foi a minha arte.

 

Jogá-lo, jogar com ele, sim, é o meu passatempo predileto. E a culpa nem é de quem me deu as lições, não. A minha fada-madrinha bem me dizia: “Não guardes para amanhã o que podes fazer hoje!” - que é como quem diz: “Tem sempre (o) tempo à mão para qualquer percalço, previne-te contra atrasos no cumprimento dos deveres que tens com ele, paga-lhe todos os segundos com honra, não regateies com ele o teu futuro, foge à tentação de correres à frente dele, ou, principalmente, de ficares para trás!”. Toda a culpa é só minha, mesmo! Ou então, da qualidade do Tempo que me foi atribuída à nascença...

Se calhar calhou-me por fado um Tempo de fraca qualidade, não sei; um Tempo espírito de contradição, um Tempo demasiado diabrete, ou um Tempo apressadinho, que ninguém quis! O certo é que nunca tive uma relação muito equilibrada e salutar com esse fulano!

E então... pronto, confesso, fui caindo na cilada da rezinguice e teimosia e passei, desde muito cedo, a irritá-lo, a desafiá-lo, a esconder-me dele nos vagares e a correr atrás dele nas urgências. Dá-me um prazer fininho, sei lá, esticar a corda, esticar, esticar... e depois, quando o relógio dele fica sem corda, largá-la de repente. Pim! Jogo tudo, nessas pressas: o meu talento, o meu esforço, o meu sangue e a minha honra. É estimulante, que querem? Saber que está tudo em jogo e que eu consigo vencer o próprio Tempo. É vertiginosa a sensação de fio da navalha a passar-me a micromilímetros do sucesso. É inspirador. É excitante. É gratificante. E arriscado.

Pois. Confesso. Sou viciada – jogo alto. E às vezes até peço emprestado. Endivido-me. Sei que não devo, mas devo. Devo muito à minha maior credora, a minha Vida. Mas quero pagar tudo, tudinho, isso quero. E, acreditem, o que, muitas vezes, me mantém viva é essa determinação, a de não morrer sem pagar à vida todas as minhas dívidas.

E vou esperando ouvir o “croupier” dizer: “Faites vos jeux!”. E vou ganhando tempo ao Tempo.

 

Teresa Teixeira

 

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19.9.16

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Foto: Argument – Ryan McGuire

 

Segundo a tradição oriental, a garganta representa o Centro da Verdade e quem fala sempre a verdade acaba por desenvolver a capacidade de materializar aquilo que diz.

Porém, por medo, a maior parte de nós não é verdadeiro. Por alguma razão, geralmente é o MEDO, entramos num jogo deveras interessante para os psicólogos e sociólogos e outros que tais, mas profundamente doentio para o self. O jogo de que falo é o Jogo da Manipulação. As regras parecem simples e a piada do jogo é que os trunfos de que dispomos têm que ser jogados com subtileza. No fundo todos sabemos que é um jogo, quais são os trunfos e esquemas de cada um, mas fazer de conta que não sabemos e que não jogamos torna tudo mais grupal. Então eis as regras:

. Criticar: esta parte do jogo é a que consiste em desfazer os outros em mil pedaços. Falar mal, acusar, manipular parece a técnica perfeita para quem se sente inferior aos outros. Parece resultar porque enquanto desviamos a atenção de todas as outras pessoas para aquele que estamos a criticar, ninguém repara nos nossos defeitos. O facto de aqueles que acusamos serem o espelho dos nossos problemas não interessa para nada. O que interessa é jogar o jogo e quanto mais perfeito se é.

. Mentir: é muito mais fácil gostar de nós segundo aquilo que desejamos e esconder dos outros o que não é interessante. É como um pequeno teatro no qual somos simultaneamente realizadores, atores, assistentes de produção, etc.. Cansativo, mas vale a pena. Se os outros acharem que somos perfeitos, então é porque somos. Ah, e se não estiver a resultar totalmente, podemos sempre usar outra estratégia do jogo – culpar o outro. Pode ser a mãe, o pai, a professora primária, o vizinho. Qualquer um, desde que não tenhamos que ser os responsáveis pelas nossas escolhas.

. Discutir: esta regra é bastante usada. Parece estar entre as favoritas do Jogo. Consiste em espalhar aos quatro ventos o nosso humor cáustico. E, de preferência, aproveitar todas as oportunidades para atacar uma pessoa ou situação. Lá porque se perde imensa energia e tempo com este procedimento, não interessa. O importante é que discutir é uma razão para a pessoa se sentir viva e disfarça muito bem o quanto estamos zangados connosco. Portanto vale ou não o esforço?

. Amuar: é uma regra que é prima da agressividade. A diferença é que é uma agressividade disfarçada, perfeita para quem quer ser perfeito! Afinal é muito mais fácil ficar à espera que alguém adivinhe o que nos perturba. E se ninguém adivinhar, o que é incrível, depois de todos os sinais que achamos que deixamos, então isolámo-nos, calamo-nos, a ver se resulta. Sabotar a necessidade de intimidade é altamente eficaz no jogo da manipulação. Que o digam as crianças.

 

Estas são as principais Regras do Jogo.

E que atire a primeira pedra aquele que nunca o jogou. Pois, o problema é que é um Jogo Doente.

Por hoje, só por Hoje, esteja atento a si mesmo. Sinta-se. E pare cada vez que sentir que vai Jogar. Se quer um Jogo mais interessante, eu falo de outro. Até tem menos regras. Tem só uma regra, apesar de ser a mais difícil. Aqui vai:

. SEJA VERDADEIRO CONSIGO!

 

Sara Almeida

 

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14.9.16

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Foto: Games - Jacqueline Macou

 

Sempre que me sinto muito aborrecida, gosto de brincar comigo mesma e pensar o que eu faria (ou farei) com o dinheiro, se ganhar na loteria. Muito rápido eu percebo que, para ganhar é preciso jogar, mas prometo a mim mesma que amanhã farei a minha aposta e continuo a sonhar. Me perco em pensamentos: onde eu iria comprar a sonhada casa, ou qual seria o modelo do carro que eu escolheria, além das pessoas que eu gostaria de ajudar...

Percebi com o tempo, ser esse um exercício interessante. É apenas uma brincadeira mas me faz refletir sobre quais são as minhas prioridades, meus sonhos. Quais são as minhas apostas, além da lotaria. Percebo também que os sonhos variam. Casa maior ou menor; praia ou no campo; quais pessoas ou causas mereciam mesmo a minha atenção. Essa brincadeira me faz repensar a vida e refletir sobre o que, de facto, me faria feliz. Não sou daquelas que acha que dinheiro não traz felicidade. Acho que ele ajuda e muito. Mas percebo que o que realmente faz diferença é o bem-estar das pessoas que eu amo e com as quais me importo e menos a marca do carro ou a morada. O engraçado é perceber também que, quanto mais dinheiro, mais responsabilidade, mais medo de perder e errar. Também me aborrece perceber que, mesmo que eu tivesse muito dinheiro, há algumas pessoas que são quase impossíveis de ajudar e também há aquelas que talvez nem quisessem...

Quando eu retorno para a minha realidade, depois de imaginar a minha vida após ganhar no euromilhões, percebo que as coisas não são assim tão ruins. Volto aos meus antigos problemas de sempre, mas me livro de alguns. Pode parecer piegas e lugar-comum dizer isso, mas tudo o que realmente importa é termos o essencial para uma vida digna e bastante saúde. O resto é bônus... Certamente daqui umas duas semanas vou começar de novo a fazer planos para, caso eu ganhe no euromilhões, lembrar que eu não joguei, logo devo correr a fazer a minha aposta.

 

Letícia Silva

 

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12.9.16

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Foto: Man – Omer Yousief

 

Na ótica de Gomes, Orlando (2013), seriam necessários alguns elementos de base para definir o jogo, elencando como primeiro elemento um conjunto de jogadores, em que num modelo simplificado de interação circunscreve-se a dois jogadores. De seguida, cada jogador terá, então, um conjunto de estratégias que poderá escolher dadas as estratégias disponíveis para os outros jogadores; e finalmente, cada estratégia produzirá um efeito (payoff) que dependerá decisivamente das linhas de ação ou estratégias escolhidas pelos restantes jogadores.

A teoria do jogo é assim compreendida como um estudo formal da interação estratégica entre agentes competidores num mesmo espaço, e começou a ser aplicada por planeadores chineses há 2500 anos.

Certa passagem do incontornável livro A arte da Guerra, de Sun Tzu, destaca que “aquele que conhece o inimigo e conhece a si mesmo não ficará em perigo diante de centena de batalhas. Aquele que não conhece o inimigo mas conhece a si mesmo às vezes vence, às vezes perde. Aquele que não conhece a si mesmo nem o inimigo invariavelmente perde todas as batalhas”.

John Nash, matemático norte-americano e vencedor do Nobel de Economia em 1994 pela notável contribuição que ajudou a revolucionar o campo matemático da teoria dos jogos, demonstrou através do dilema do prisioneiro, a competição ou cooperação in extremis entre jogadores na determinação do ponto de equilíbrio dessa relação, que passou a ser conhecido como o equilíbrio de Nash.

 

O drible é uma habilidade crucial para o jogo competitivo, em que se consegue transpor temporariamente ou definitivamente o adversário com a bola em sua posse e domínio, todavia não bastam habilidades e acrobacias para se vencerem partidas mas sim um conjunto das decisões tomadas em todo o tempo cronológico que durar a partida.

Por sua vez, a cooptação é um estágio evoluído de competitividade e maturidade entre os players, que decidem cooperar estrategicamente, partilhar risco e recursos, para desenvolverem alguns projetos de interesse comum e posteriormente colherem sinergias. A maturidade acima indicada resume-se no respeito mútuo que foi cultivado ao longo do tempo e na assumção de que as competências técnicas são intrínsecas e inalienáveis.

Para o sucesso dessa aliança é necessária a definição de regras de jogo transparentes, comprometimento e fair play da parte dos jogadores. Um acordo prévio de tréguas durante a vigência do projeto permite um alinhamento estratégico crucial para o sucesso da operação. Essa cedência ou privação de algumas liberdades enfraquece e até desarma o adversário, convencendo-o que a união será mutuamente vantajosa numa perspetiva de longo prazo.

Com efeito, para se atingir escala e crescimento sustentável precisamos de adversários fortes e aliados ou parceiros inteligentes e que partilham da nossa visão. A integração vertical de competências e confluência de virtudes distintas dará origem a novas áreas até então desconhecidas ou inexploradas, conducentes a diversificação da nossa atuação e consequente redução do risco global.

 

António Sendi

 

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10.9.16

Writing-StockSnap.jpg

Foto: Writing – Stock Snap

 

Procuramos Articulistas para o blogue Mil Razões..., em regime de voluntariado.

Se tem vontade e se se sente capaz de assumir o compromisso da escrita de artigos originais em língua portuguesa, sobre temas da saúde mental, na perspetiva da pessoa comum, no seu dia-a-dia, se tem domínio da língua portuguesa e se é natural, ou vive num país de língua oficial portuguesa (preferencial) candidate-se aqui.

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9.9.16

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Foto: Couple - Unsplash

 

“Tchim Tchim”

Celebramos mais um ano juntos!

Olho para trás. Ao longo destes anos fomos revendo as regras da nossa relação, fomos reformulando, atualizando, entre lágrimas e sorrisos, fomos negociando as regras desta nossa interação, deste jogo.

Recordo o momento em que nos conhecemos. Tu debatias com convicção o teu ponto de vista e eu, só para te provocar, rebati fervorosamente a tua opinião. Tu, sempre delicada e diplomática, sabiamente argumentaste e eu rendi-me, devotamente a ti e ao teu belo e genuíno sorriso. Iniciámos uma interação amistosa sem compromissos, apenas desfrutando da amizade que partilhávamos. Com o tempo, as regras foram-se remodelando e envolvemo-nos no jogo da sedução, entre sorrisos cúmplices, olhares fatalmente libidinosos, em que os nossos corpos quentes vibravam entrelaçados na volúpia devoradora de prazer.

Passaram-se meses e a nossa interação ganhou novo formato, mais quadrado, mais sério. Reformulámos as regras da nossa relação, comunicámos ao nosso mundo de conhecidos e amigos que estávamos num compromisso sério, com exclusividade sexual. Namorávamos!

 

Neste cenário, chegou o desenvolvimento expectável pelas nossas famílias, de formalizar a relação: o enlace, o matrimónio, o casamento. Cada uma destas palavras assustava- me e angustiava-me ainda mais o seu significado.

Numa tentativa insana de fugir a esse meu destino de vir a tornar- me num anilhado, agrilhoado pela celebração de um matrimónio, enveredei numa desenfreada caçada de novos desafios relacionais com trocas de mensagens e flirts virtuais.

Foi com um diálogo aberto e dolorosamente sincero, de feridas abertas a fervilhar no desinfetante alcoólico que ambos chegámos a um consenso. E novas regras surgiram na nossa dança interativa.

E aqui estamos hoje! Sim, há amor, muito amor! Um amor que se reformula a cada dia, numa relação cúmplice e honesta, baseada no respeito e na confiança e, sobretudo, na flexibilidade das suas regras deste nosso jogo que é a vida, deste nosso jogo que são as relações. No jogo que são as interações humanas!

 

Tayhta Visinho

 

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7.9.16

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Foto: Hamburg – Franz P. Sauerteig

 

Quando é que começámos a jogar este jogo perigoso, este jogo do “toca e foge”? Não! A pergunta certa é: quando é que nos perdemos neste jogo perigoso?

Ignoras as minhas dúvidas e inquietações, não dás importância aos meus pensamentos, não percebes, ou finges não perceber, o quanto eu consigo viver alienada da realidade… É como se dissesses “vem”, mas na verdade seja “não venhas”. E eu vou acreditando que, um dia, irás compreender que vivo mais na realidade que acontece dentro da minha cabeça do que na realidade real. Não compreender o meu corpo, mas invadires o meu pensamento, envolveres-te em tudo aquilo que se passa na minha mente inquieta.

Interessas-te? Não e, por breves momentos, também eu perco o interesse.

Mas acabamos sempre por voltar à nossa realidade paralela, alienados de tudo o que nos rodeia, nessa aleatoriedade onde tu estás, onde eu estou, onde nós existimos. E que comece o jogo da conquista! Ou da incerteza! Movimentamo-nos ao som da nossa própria música, que nunca foi nossa; perdemo-nos nas nossas palavras, que se desfazem de intensidade e sentido. Somos dois peões que se movimentam num tabuleiro sem uma estratégia definida, levados pelo sabor do outro. É um momento de loucura como tantos outros, onde movemos os nossos corpos ao ritmo de algo que, no dia a seguir, percebemos que já nem sequer faz sentido algum. Mesmo assim tu insistes em perguntar-me: A menina dança?

 

Sandra Sousa

 

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5.9.16

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Foto: Kiss – Omar Medina Films

 

Preenches-me as horas com obstinada precisão, que se me abstrair e tentar deslindar este nó cego de mim, não sei quando chegaste, ao que vieste e porque ficaste. Sei apenas que atada a ti, me sinto bailar entre um luar manso de primavera e o alvorecer de um dia feliz.

Deslizas pelo meu pensamento com a desenvoltura de uma nascente que corre em busca da foz. Difícil, quase impossível, é evitar que te graves em mim - mais ainda.

Debalde, tento racionalizar, tento virar-me do avesso, tento arrancar a venda colada no meu rosto… E falho. Falho porque estás em toda parte, dentro e fora de mim. Como um jogo da cabra-cega, posso não saber onde estás, mas sinto-te perto e assustadoramente só a ti quero agarrar.

E então corro. Corro para fugir de ti, para a venda me cair dos olhos para eu poder encontrar um caminho que me leve noutra direção. Corro. Corro. E quanto mais corro mais sinto na pele que só a ti quero chegar, como se o meu coração apenas soubesse correr na tua direção.

 

Ana Bessa Martins

 

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2.9.16

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Foto: Woman - Unsplash

 

Fecha os olhos.

Vá! Fecha-os!

E agora… apaga-me da tua memória. Sim! Faz de conta que não me conheces (conheces?). Que não sabes qual o meu prato favorito, quais as minhas músicas de eleição ou quais os meus passatempos. (E talvez não saibas mesmo).

Mas mais ainda: apaga os anos. Apaga os defeitos ou faltas que encontraste. Apaga as discussões por tudo e por nada, as palavras afiadas que criaram buracos. (Tantas, tantas…)

 

E, quando abrires os olhos, vamos recomeçar?

Vai dar trabalho. Vai implicar um esforço permanente, um investimento de tempo, de sentimento. Vai ser difícil, porque… qualquer passo em falso reacenderá o rastilho da desilusão e… é tão mais fácil virarmos costas e vaticinar que não há remédio!

Mas… faz de conta que é mágico!

Faz de conta que é mesmo isso que queres, porque quem corre por gosto não cansa (ainda gostas, não gostas?)...

E eu também vou fechar os olhos. E vou fazer de conta. E, quem sabe, assim, não seremos felizes…

 

Sandrapep

 

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