Foto: Food - Katerina
Palavra singular. Verde, como eu tanto gosto!
Singular, sim, o seu plural é outra coisa, todo um outro mundo. Esperanças, belíssima, preciosíssima, graciosíssima, forma de estar!
Voltemos ao singular.
Haverá expressão mais positiva do que a esperança? Haverá algo mais motivador do que a esperança?
Dum spiro spero - enquanto se respira pode haver esperança. Enquanto à vida, …
Como recentemente li algures, qualquer coisa como isto: a sorte é uma coisa muito boa, convém é que nos apanhe a trabalhar!
Pois é.
A esperança é um excelente ponto de partida. Nem que seja só um ponto de partida. Aquele pedacinho que nos faz agir, mover montanhas, ultrapassar dificuldades, sofrer por algo recompensador, querer conquistar. Sem isso não diria que nada, mas andará lá perto.
[sofre mais aquele que sempre espera do que aquele que nunca esperou nada? - Pablo Neruda]
Se me ficar pela esperança até ao final do dia, amanhã estarei na mesma, com esperança, menos, um bocadinho que seja, certamente. E depois de amanhã?
Recorrendo à matemática, no limite, se não se passar da esperança, estaticamente digamos, caminharemos, e não é uma contradição, mais ou menos rapidamente ou mais ou menos lentamente, à escolha, para a raiva, o desespero.
Mau conselheiro.
Deixemos então a matemática, para tantos de nós território árido. Passemos para a gastronomia, mais apetitoso. A esperança será uma doçura, mas, só por si, tanto açúcar pode levar ao enjoo, à náusea. Precisamos de juntar algo de ácido ou de salgado para equilibrar ou mesmo realçar os sabores. Assim, a melhor receita talvez seja a de pensar que a esperança, per se, não obtém resultados, haverá que juntar algum pessimismo, relevar possíveis dificuldades, fazer com que este ingrediente nos faça perseverar e ficar mais bem preparados para qualquer eventualidade.
Logo, matematicamente, de novo, pensar negativo, mas agir positivo, deixa-nos aparelhados para concretizar a esperança. Mesmo que seja um restinho.
Chegar lá.
q.e.d.
Jorge Saraiva