Foto: Person - Petra
Permanecemos lado a lado. Eu aqui e tu aí. Somos reais e concretos e renegamos os ecrãs que nos separam e as demais distrações. Este momento é nosso e decorre agora. Não o percamos com futilidades.
Inicia-se o diálogo e vão-se invertendo os papéis, de quem verbaliza e de quem cala. E é aqui que eu revejo em ti as vontades da humanidade, de quem ferve por conter palavras guardadas, à espera da sua libertação.
Que curiosa, inteira e amarga ironia desta evolução conseguida, onde nunca nos encontramos tão próximos e acessíveis, mas também tão sós e ocos!
E nós retomamos os traços simples que nos tornam pessoas ao acolher a quietude em nós e em nosso redor, deixando que ela se expresse por si mesma, ao abafar os demais ruídos.
É assim que nos ligamos, pela partilha de silêncios profundamente ricos e profundamente cruciais, porque muito se diz nesse vazio de sons que fomenta inesperadamente os elos!
Neste mundo onde se esconde o clamor por silêncio, é absolutamente necessário esse ato comunicacional que sustenta os laços essenciais à vida.
Por isso, deixemos o silêncio falar... Shiu...
Sara Silva