Foto: Portrait - Subham Shome
Andei dias a fio a pensar como iria abordar o tema proposto. Nunca gostei de pensar e falar em beleza, ou no belo, apesar de conseguir, evidentemente, reconhecer e categorizar o que, para mim, é belo. Em certa medida, acho o tema tão ambíguo, que cai por terra qualquer validade pretensamente conclusiva. E eu tenho tendência para chegar a conclusões.
Pensei na fotografia, que capta o belo. Na arte, que cria o belo. Na música, que eleva o belo. No amor, que se quer belo. E repudiei a ideia de pensar sobre o tema quando me lembrei das pessoas. Quão falsa relação pode ser a junção dessas duas palavras: beleza e pessoas.
A beleza está repleta de lugares comuns, tendências e manipulações. Invade de forma direta ou insidiosa o nosso pensar, o nosso escolher e o nosso comportamento. É politicamente correta, tornando-se assim, em confidências, rotundamente falsa. Os seus padrões (atuais) incomodam-me, mas, no entanto, vaidosamente arranjo-me de manhã e frequento o ginásio de tarde. Sim, somos maioritariamente hipócritas no que toca ao tema. A verdadeira beleza vem de dentro, dizem-nos. Mas o que sentiríamos nós se tivéssemos filhos indiscutivelmente feios?
Será que a beleza está nos olhos de quem a vê? Talvez. Acredito, contudo, que na forma como a sociedade evoluiu, cada vez mais vemos todos a mesma coisa. Estamos a ficar cegos para a beleza da fealdade...
Rui Duarte