26.4.19

Fist-bump - Miriam Verheyden.jpg

Foto: Fist-bump - Miriam Verheyden

 

Espantoso!

No sentido de dificilmente explicável, muito dificilmente mesmo.

Há coisas, conceitos, que vivem, convivem, connosco no dia a dia, normalmente (como alguém diria, “fazem parte”), quase que desde que nos conhecemos, falamos, pensamos. De tal maneira que nem lhes prestamos atenção.

A força! À força! Não, não se trata da diferença que uma (mera?) cedilha poderia constituir. Trata-se das diferenças, e são tantas, subtis, das subtilezas no significado que há ou pode haver, num simples termo de utilização banal e corriqueira como a força.

Simples, trivial, do dia a dia. Como se define?

Pois é. A começar por o indivíduo ser sujeito ou ator. No primeiro caso será forçado, constrangido, subjugado, enquanto no segundo será dominador, perseverante, através da vontade, conseguirá alterar as circunstâncias, pôr as coisas a mexer.

Pode haver um motivo de força maior que, como sabemos, é um obstáculo intransponível que não posso superar. Ou posso estar a referir-me a uma força pública, essencial para manter a ordem e a segurança.

Também há as forças vivas da região ou as forças do bloqueio, assim como a dita força pública pode descambar ou ser instrumentalizada como força bruta.

É, posso, portanto, ser forçado ou ter a energia, a força de vontade necessária e suficiente para movimentar o que está parado, acelerar o que está demasiado lento, reorientar o que seguia na direção errada.

 

Parece-me evidenciada a dificuldade em definir uma ideia única que está por detrás da força. Estabelecer facilmente um conceito universalmente aceite e aplicável.

A força pode ter muitas subtilezas que lhe alteram o que queremos em diferentes momentos significar. De subtileza em subtileza podemos estar a ligar, sob a mesma vulgar palavra, polos opostos.

A força precisará de ser amparada pela vontade, pelos valores, pelos princípios. E estes sem ela serão quase que inoperacionais.

O melhor é assumir, pegar nas rédeas, escolher o caminho, a direção, descobrir a nossa força para mover a montanha da vida. Será um trabalho sem fim. Para sempre, mas nosso.

 

Jorge Saraiva

 

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22.4.19

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Foto: Arm-wrestling - Mnanni

 

Nada é linear. Aquilo que é hoje pode deixar de ser amanhã. Cada um tem a sua perspetiva de positivo e negativo assim como a forma como cada coisa influencia a nossa vida. Gosto de clichés e repito-me.

Sou pessimista por natureza, acredito que seja uma caraterística que veio com a herança genética. Apurou com a vida. Talvez seja por isso que sinto que o negativo tem um maior peso, no geral, que o positivo.

Aceitamos aquilo que temos e esquecemo-nos de agradecer, esquecemo-nos de valorizar, esquecemo-nos até de nos lembrar.

Ser otimista é meio caminho andado. Simples.

Um sorriso no meio de muitos é notado, apreciado e talvez até retribuído. Uma palavra desagradável é sentida como um ataque, mexe connosco e, possivelmente, deixa-nos a remoer.

Um elogio é apreciado, enche-nos de alegria e orgulho por um período, talvez demasiado curto. Uma crítica, por muito positiva que seja, desconforta, leva-nos a refletir. Pensamos mais sobre o assunto.

Recebemos um bónus e a alegria é imensa. Junta-se a euforia e crescem planos e sonhos. Aparece uma despesa extra e é o caos. Choramos aquele dinheiro com sentimento. Pesa-nos.

O negativo corrói-nos, aprisiona-nos, coloca-se sobre nós e empurra-nos para o fundo. Sou pessimista.

 

Vem o otimista e discorda disto tudo. Eu própria consigo discordar e ficar confusa.

A força de uma paixão move mundos, é indiscutível. E não me apetece recorrer a outros exemplos para traduzir a imensidão dessa força positiva.

Tenhamos força suficiente para o braço de ferro entre ambas, essa que nunca nos falte.

 

Marisa Fernandes

 

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19.4.19

Barefoot - Rawpixel.jpg

Foto: Barefoot - Rawpixel

 

Primavera

Debaixo de uma cerejeira

tudo é servido

decorado com flores

 

Flores de cerejeira no céu escuro

E entre elas a melancolia

quase a florir.

 

Matsuo Basho

 

O coração humano pede muitas coisas. Pede a rotina para ter controlo sobre as coisas e confiança para melhor habitar o tempo. Por entre a ramagem dos dias, os sonhos aguardam tímidos. Aqui e ali um raio de sol atravessa as folhas verdes e castanhas. O coração sequioso de esperança, quando as nuvens se acinzentam de chuva, interroga-se sobre o subtil mistério do viver. Pede instantes de alegria para suportar as nuvens de chuva.

Por vezes, o coração pede janelas para arejar e deixar entrar a plenitude do viver na sua efemeridade.

Ao resgatar a vulnerabilidade, abraçar a fraqueza, o quão tudo dói ou se torna demasiado, esquecemos de nos focar no momento. Os sentidos permitem isso, regar melhor as plantas para crescerem fortes. Estender o corpo a notas quentes, como a voz de quem gostamos dizer que nos ama, o frescor da água nos pés ao ritmo das ondas, o som dos passarinhos na lonjura. Este voltar a luz ao que brilha de mais pequeno, à verdade da nossa fisicalidade, permite um encontro connosco no agora e perante tudo o que nos possa assaltar, a certeza do vaivém das ondas. Neste ver o que é invisível, a esperança floresce, ancorada no viver como se estivéssemos enamorados.

No amor, o coração humano regala-se estando em aberto consigo próprio e ao outro. Se entra chuva e vento, granizo, entram também sorrisos e mimos, carinho de toda a espécie pelo espanto que é o encontro com o outro. Como quando banhamos os pés no mar, espantados face à sua beleza e intensidade, felizes por existir.

 

Maria João Enes

 

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15.4.19

Blindfolded - Anemone123.jpg

Foto: Blindfolded - Anemone123

 

Quando olhei para ti... e me perdi. Quando olhei para ti e me perdi não foi pelas melhores razões. Quando o meu sorriso desvaneceu. Quando deixei de existir, deixei de acreditar na minha essência. Perdi-a no comodismo. Perdi-a por ti. Para ti. Sem saber, sem sequer me aperceber.

Fechei os olhos a novas oportunidades quando tantos me alertavam para ser feliz. Eu achava que o era, erradamente. Muito erradamente. Cega, fechada num mundo infeliz. Até tu teres o desplante de teres aberto os olhos para uma nova oportunidade. Para algo que dizias ser bom para ti. Mas não admitiste! Mentiste. Com todas as palavras. Com todos os dentes. Mentiste-me. Iludiste-me. Com palavras vazias, gestos vazios. Que eu quase acreditei. Quase!...

Felizmente consegui superar, consegui não olhar mais para ti, consegui virar a cara. Não acreditar nas tuas palavras feitas e gestos ensaiados. Foste um bom ator nesse teu palco falso. Mas não triunfaste. Lamento dizer-to. Mas não foste sucedido. A força trouxe-me ao de cima.  Voltei a sorrir, voltei a viver, a sentir-me viva. Sentir que existe algo que nunca vivi, pois nunca me dei a oportunidade de o fazer. Porque estava numa concha só tua. Perdida. Iludida com a infelicidade.

Renasci. A vida é cheia de sonhos, que perdemos pelo medo de não arriscar. Pelo medo de fugir do comodismo. Basta ter coragem, ter força. Não ter medo de ser feliz.

 

Inês Ramos

 

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12.4.19

Action - Pexels.jpg

Foto: Action - Pexels

 

Saber vencer na vida, mais do que uma virtude, é uma manifestação de força do querer, da tenacidade, da pertinácia e determinação da vontade de alguém que não vacila face a qualquer obstáculo ou contrariedade. A força de vontade interior é o motor necessário para todas as áreas da vida, não só a nível pessoal, mas também no campo profissional, constituindo ela própria uma fonte de energia indispensável para a adoção de uma firme atitude mental e intelectual na luta diária e persistente de cada um de nós.

Ela, a força de vontade, motiva a decisão de alguém poder crescer e afirmar-se como pessoa, de superar-se a si próprio, ir mais além e ultrapassar os seus próprios limites.

A força de vontade deve ser exercitada de forma gradual e progressiva, mediante ações repetidas ao longo do tempo, tal como acontece com a preparação física dos atletas, no sentido de se poder alcançar os objetivos.

Lutar, cair, sem, porém, esmorecer, levantar e começar de novo, se for preciso, faz parte desse exercício mental para fortalecer o ânimo e o espírito de vencer.

 

Já o eminente cientista Albert Einstein afirmava: “Há uma força motriz mais poderosa que o vapor, a eletricidade e a energia atómica: é a vontade”. Essa capacidade de esforço do ser humano é determinante e ajuda-o a cumprir um plano de ação com vista ao objetivo que definiu.

A força de vontade interior, mental e intelectual, qual segunda natureza que é, na motivação da luta diária e persistente, constituirá, seguramente, a grande fonte inspiradora para quem não se resigna com as adversidades da vida.

 

José Azevedo

 

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8.4.19

Mulher-moçambicana - Idílio Chirindja.jpg

Foto: Mulher-moçambicana - Idílio Chirindja

 

Momentos difíceis;

Momentos que pensamos que nunca podem vir a acontecer;

Momentos que quando chegam são uma surpresa absoluta;

Momentos que acontecem e são desastrosos,

Momentos que provocam um sofrimento tal que, às vezes não se percebe como se resiste;

Momentos indiscritíveis de tanta miséria e angústia;

Momentos em que falta tudo;

Momentos em que as pessoas não conseguem dizer absolutamente nada, e os discursos dos que falam são dramáticos;

Momentos em que as pessoas só pedem o essencial;

Momentos em que doenças aparecem por falta de condições;

Momentos em que as prioridades são água e mantimentos básicos (como as prioridades são tão relativas!!!);

Momentos em que é preciso TUDO.

As imagens que se veem de Moçambique são aflitivas e muitos duras. Como se sobrevive a partir do zero? É preciso tudo, mas, é preciso muita força para garantir a sobrevivência imediata.

 

Ermelinda Macedo

 

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5.4.19

Fitness - Sabine Mondestin.jpg

Foto: Fitness - Sabine Mondestin

 

Era uma vez uma menina, como tantas outras há 30 anos atrás, que via o Popeye e a Olívia Palito na televisão. Todas aquelas histórias contribuíram, de alguma forma, para moldar o seu ser e a sua personalidade. A distinção entre o bom e o mau, a vida enfatizada e sem filtros, as traquinices do Brutus, a resolução de problemas do Popeye, o encantamento da Olívia... Tudo isto lhe deu o conhecimento, visto agora como ferramentas para levar a vida de determinada maneira, sem que esta lhe roube toda a energia que teima em querer fugir.

Até sobre os espinafres e o seu poder ela aprendeu. Lembrou-se deles quando, num certo momento da sua vida, foi diagnosticada como tendo princípios de anemia, o que quer que isso signifique, já que o princípio quer dizer que já começou, quando na realidade ainda não tem. A verdade é que o pai se lembrou, e bem, que se o Popeye ganhava tanta força com os espinafres, a sua menina, agora já não tão pequena, também o conseguiria. Claro está que não devemos acreditar em tudo o que os desenhos animados nos dizem e, após consultar o médico, este confirmou que a alimentação com bastantes legumes verdes escuros ajudam a combater a anemia. E assim foi, até hoje a anemia não passa disso, de principio e não uma doença que veio para ficar.

A delicadeza da Olívia também lhe transmite, sempre o fez, uma força incrível pois, com aquele jeito feminino e aparentemente sensível, consegue ser educada, fazer o que acha melhor e sem agredir os outros, sem ser preciso ser mal-educada nem indelicada.

Até Brutus consegue provar que o tipo de força que utiliza não o leva onde ele pretende chegar, pois inclui sempre a maldade para a situação e para os outros.

 

Estas forças, como tantas outras, parecem ser dadas a todos como adquiridas, mas não o são. Temos que saber exponenciá-las, saber geri-las, escolher onde e quando aplicá-las. E, por vezes, se as gastarmos mal, quando precisamos realmente delas, elas falham...

Para a menina desta história, que continua a comer espinafres, a força mantém-se, mas até quando? Ela sabe que não a pode dar como adquirida.

 

Sónia Abrantes

 

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1.4.19

Man - Patrick Neufelder.jpg

Foto: Man - Patrick Neufelder

 

É o que nos prende e nos mantém, ou o que nos impele. A ação invisível que nos soergue ou derruba. A incógnita entre o estático e o movimento, entre a pressão e a reação, concretizada no enlace da física com a realidade, pendendo sempre entre a conjetura e a realização.

Tanto marca a sua existência como a sua ausência, perdida e achada em diversas dimensões do ser, onde não há verdades absolutas. É tudo o que nos sustem e nos faz ver um pouco mais além.

É a força. É a garra. É o que ou nos liberta ou nos amarra.

 

Sara Silva

 

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