17.5.11

 

As crianças desconhecem-na, ingenuamente, por não terem consciência plena da condição humana. Os adolescentes ignoram-na, embriagados pela protecção ilusória que a juventude lhes proporciona. Os adultos vão-se vendo obrigados a ir lidando com ela sempre que os seus efeitos tropeçam nas suas vidas. E os idosos aprendem a ir aceitando, dia após dia, a sua inevitabilidade mais ou menos próxima. A morte é uma certeza cruel, fria, uma verdade que encerra um silêncio ensurdecedoramente infinito e que nos acompanha, sempre, ainda que a tentemos esconder, ainda que a tentemos atropelar com o ritmo frenético das nossas rotinas quotidianas. Como perceber, então, como aceitar, que seja esta mesma morte anunciada que garante a beleza única e singular à vida humana e que nos recorda, todos os dias, o privilégio que temos em acordar e em estar vivos?

 

A morte e a sua natureza fatalista provocam no Homem um desequilíbrio constante que deriva da angústia de se conhecer o seu fim inevitável e nada poder fazer para o alterar ou evitar. Mas se o Início já faz parte do nosso passado, quando dele tomamos consciência, e o Final espera-nos irremediavelmente, caberá a cada um nós, enquanto indivíduos, definir e escolher aquele que será o seu “Durante”. Mais do que descobrir o sentido da vida como se de um segredo guarado a sete chaves se tratasse, talvez o Homem deva concentrar-se no caminho que decide ir desenhando na calçada do seu trajecto de vida. Um caminho que assuma sem reservas a tragédia da própria condição humana e que, com a mesma determinação e coragem, consiga reconhecer ao Amor, à Alegria e às emoções positivas, o poder de se restabelecer o equilíbrio existencial. Durante a construção desse percurso, acredito que poderemos contar com a companhia de uma outra grande certeza: a de que “nunca nos sentiremos sozinhos desde que a nossa preocupação seja o bem-estar dos outros” (António Damásio).

 

Liliana Jesus

 

Temas: ,
Link deste ArtigoPor Mil Razões..., às 01:05  Comentar

De João Sá a 9 de Junho de 2011 às 14:16
Boa tarde :)
Este post está em destaque "Na Rede" na homepage do SAPO Moçambique (http://sapo.mz).

Pesquisar
 
Destaque

 

Porque às vezes é bom falar.

Equipa

> Alexandra Vaz

> Cidália Carvalho

> Ermelinda Macedo

> Fernando Couto

> Inês Ramos

> Jorge Saraiva

> José Azevedo

> Maria João Enes

> Marisa Fernandes

> Rui Duarte

> Sara Silva

> Sónia Abrantes

> Teresa Teixeira

Maio 2011
D
S
T
Q
Q
S
S

1
2
3
4
5
6
7

8
9
11
12
13
14

15
16
18
19
21

22
23
25
26
28

29
30


Arquivo
2019:

 J F M A M J J A S O N D


2018:

 J F M A M J J A S O N D


2017:

 J F M A M J J A S O N D


2016:

 J F M A M J J A S O N D


2015:

 J F M A M J J A S O N D


2014:

 J F M A M J J A S O N D


2013:

 J F M A M J J A S O N D


2012:

 J F M A M J J A S O N D


2011:

 J F M A M J J A S O N D


2010:

 J F M A M J J A S O N D


2009:

 J F M A M J J A S O N D


2008:

 J F M A M J J A S O N D


Comentários recentes
gostei muito do tema artigo inspirado com sabedori...
Não podia concordar mais. Muito grata pelo comentá...
Dinheiro compra uma cama, mas não o sono...Compra ...
Caro Eurico,O cenário descrito neste artigo enquad...
Grande artigo, que enquadra-se com a nossa realida...
Presenças
Ligações