17.6.11

 

O desejo de significado é intrínseco ao ser humano. A crença de que as nossas acções, opiniões, ideias e, alargando a escala, a nossa vida é importante, tem sentido e faz a diferença é a alavanca que nos move no dia-a-dia e uma preocupação visível nas muitas ciências. Por exemplo na tela considerada como a "derradeira expressão da força artística" de Paul Gauguin intitulada “De onde viemos? O que somos? Para onde vamos?” datada de 1897, exposta no Museu de Belas-Artes de Boston pintada muito próximo da morte do pintor e que apresenta o trajecto da vida humana desde o nascimento até à velhice.

Todos conhecemos estas grandes perguntas que, de quando em vez, nos colocamos e dificilmente encontramos uma resposta satisfatória. Ninguém pode negar os avanços científicos e as grandes conquistas a vários níveis e, no entanto, parece que permanecemos na escuridão, na penumbra quanto a estas questões essenciais.

 

A grande maioria pode viver em função ou da sua família, ou de conhecer o mundo e, portanto viajar, ou de se envolver em quaisquer outros interesses pessoais por considerarem que esse será o seu objectivo de vida e aí encontrarem o seu sentido de viver. Outros há que se dedicam a causas humanitárias, ou à investigação científica, ou às artes. O importante parece ser sentir que há significado e sentido em alguma coisa. Albert Einstein disse, certa vez: "O homem que acha que a sua vida não tem sentido não é apenas infeliz, mas também muito mal preparado para a vida."

Mesmo assim, em certas alturas, o vazio pode permanecer. A pergunta continua sem resposta: A vida tem sentido? Esses momentos são normalmente momentos de viragem, momentos difíceis e de grande provação. Por exemplo, quando um pai ou mãe vê um filho morrer de uma doença incurável pergunta-se porquê esse sofrimento? Há algum sentido nisso? Perguntas assim continuam a intrigar muitos de nós que observamos as actuais condições do mundo - as doenças, o sofrimento, a fome, as injustiças. Tudo parece mais fácil e aceitável quando não há obstáculos e provas a superar. Todos nós gostaríamos de saber qual o sentido destes acontecimentos. 

Mas continuamos a percorrer o nosso próprio caminho e na nossa procura, seja através da filosofia, da religião ou outra qualquer via, depositamos a nossa esperança ou fé de encontrar a resposta.

 

Viktor Emil Frankl (1905-1997) médico e psiquiatra austríaco afirma no seu livro “Em busca de sentido: um psicólogo no campo de concentração” Petrópolis: Editora Vozes, 1991, “não há dúvida de que o amor-próprio, quando ancorado em áreas mais profundas, espirituais, não pode ser abalado por uma situação de tremendo sofrimento”. E mais: “Ouso dizer que nada no mundo contribui tão efectivamente para a sobrevivência, mesmo nas piores condições, como saber que a nossa vida tem um sentido.” Uma vida com sentido – isso é que dá verdadeiro sentido à vida.

O sentido da vida também pode estar associado a sentimentos de harmonia e felicidade; sem a felicidade a vida parece perder sentido. A felicidade está no centro das nossas vidas e da nossa procura de sentido para a vida.

“Não sei se o Universo, com as suas inumeráveis galáxias, estrelas e planetas, tem algum sentido mais profundo, mas é muito claro que nós, humanos que vivemos nesta Terra, temos como objectivo, a procura de uma vida feliz.” Dalai Lama

Ou então, tal como disse Joseph Campbell (1904-1987) estudioso americano: ”Dizem que o que procuramos é um sentido para a vida. Penso que o que procuramos são experiências que fazem sentirmo-nos vivos.” Sim, experiências que fazem sentirmo-nos vivos!

Acredito que há, de facto, algo que nos transcende, uma energia vital presente na natureza, em nós, que parece ser eterna. Partilho da opinião de Campbell quando diz que devemos começar por experimentar o eterno, no agora, no presente, e para isso precisamos de estar atentos e de o procurarmos com empenho dentro de nós.

 

Ana Teixeira

 

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