Será de mim ou assim o ganho e assim o gasto?
Mesmo que não queira, ele teima em desaparecer.
Por mais que aperte os cordões e feche os fechos todos, ele insiste em escapar-se!
E, o pior, é que nem sei muito bem para onde!
Depois de vários anos a poupar, a sacrificar vontades e desejos, opto por ver nisto uma situação cómica.
Trabalhar para aquecer, alguém diria…
Faria sentido se vivêssemos num país frio, mas temos a felicidade de viver num paraíso à beira-mar plantado, onde tudo é em grande: o sol, a praia, o turismo, as esplanadas, os impostos…
Sim, os impostos são o que dão o efeito bumerangue ao dinheiro que ganho com o suor de todos os dias da semana.
Exagero?
Nem por isso…
Justo?
Nem sei bem…
Gratificante?
Nada!
Ah, e tal, o que importa é gostarmos daquilo que fazemos! Felizes aqueles que amam o seu trabalho, que fazem aquilo de que gostam. Sim, são felizes enquanto o fazem, mas quando fazem contas ao que têm que pagar, parte dessa felicidade é gasta e vai junto com o dinheiro.
Por isso, ou gostamos de jogar com o bumerangue e trabalhamos, recebemos e pagamos por receber e trabalhar, ou mais vale ficar quieto e não ganhar nem gastar, pois rende o mesmo financeiramente.
Real?
Sim.
A longo prazo?
Penso que não, mas a curto prazo gostava de ter alguma estabilidade que não é possível com este efeito de vem e vai.
Sónia Abrantes