Foto: African - Lihle Lynne
“É urgente estar atento
Ver para onde corre a maré
Ver de onde sopra o vento
Não vás tu perder o pé”
Excerto da canção “Impele a tua própria canoa”, do Corpo Nacional de Escutas
Quem foi, ou é escuteiro, certamente já ouviu esta canção. Se assim é, já sentiu a sensação de parar para pensar no que é urgente para si e para a sua vida. Conduzir a nossa própria vida é o mais prioritário, se pretendermos deixar de estar num estado de urgência permanente sobre “coisas a fazer”. Quando dou por mim a pensar “Tenho que...!” significa que me encontro no tal estado de espírito que não me permite priorizar com clareza. Nos dias em que, com calma, vou fazendo as mil e uma coisas que há a fazer, percebo que me encontro realmente preparada para o que, de facto, é urgente, pois irei fazê-lo com mais clareza e sem pressas.
Parece ambíguo, mas para mim torna-se cada vez mais claro.
Se fosse a minha avó diria para “não colocar a carroça à frente dos bois”, ou seja, não vale a pena fazer o que se cataloga de urgente se não for feito na sequência certa. No caso da carroça, não andaria, pois os bois não iriam conseguir puxá-la. Empurrá-la, talvez, mas essa não é a ordem natural.
Na vida é assim, é prioritário o que nós escolhermos como mais importante. Se há um problema de saúde, é sem dúvida essa a prioridade pois nada do resto funcionará. Se há falhas financeiras, há obrigatoriamente pausas para repensar o que se está a fazer e melhorar a situação. Se há mal-estar diário no local de trabalho, priorizamos o que nos faz sentir bem, pois o dia-a-dia torna-se impossível.
Parece simples? Não é! De todos os lados surgem sempre informações e pedidos urgentes e extremamente importantes.
O ideal seria manter o estado de espírito e de consciência que nos garante e dá o conforto de termos as prioridades bem definidas e confiar em nós mesmos. Aí, o urgente acontece quando tem que acontecer, e o que deve ficar para depois aguarda pacientemente a sua vez.
Sónia Abrantes