Foto: Sem título – Mairani Cuevas
Senti-me à margem no infantário, quando me batiam… Senti-me à margem naquela vez em que tive um ataque cerrado dos piolhos à minha cabeça e me cortaram o cabelo comprido que tanto adorava… Senti-me à margem quando me gozavam e insultavam só por não querer fumar… Senti-me à margem quando tive num aniversário no qual não conhecia ninguém e ninguém falou comigo… Senti-me à margem quando usei um colete para a coluna, durante um ano, que me tirava o fôlego, a mobilidade e o sex appeal da adolescência… Senti-me à margem no estágio, quando escrevi a minha verdade num relatório, afirmando que ninguém apoiou as alunas, e fui esmagada numa reunião por ser verdadeira demais e querer salvar o mundo… Tantas vezes me senti posta de parte… Quem nunca se sentiu assim? Quando as circunstâncias nos marginalizam, talvez por um erro estranho da física, nos estejam a empurrar precisamente para o Nosso Centro. Para nos sentirmos Connosco, em Nós, temos que olhar de fora.
Estar à margem pode, muitas vezes, indicar que estamos no caminho certo para nos encontrarmos.
Sara Almeida