Foto: Mirror - Med Ahabchane
Sair da zona de conforto, fora da caixa, evoluir, progredir, desenvolver capacidades, atingir novos patamares, concretizar desafios, ultrapassar objetivos, realizar sonhos. Uma vida em pleno, sempre, cheia. Invejável.
Muito do acima enunciado implica que, de uma forma mais ou menos consciente, se quebrem regras, é um modo de falar – muitas são expressões que estão na moda, uma espécie de motores de desenvolvimento – para referir novos modos de fazer, sem os quais muito dificilmente se sairá de uma qualquer espécie de padronização, a tender para a pasmaceira.
Soa bem, parece bem este modo de falar. Será uma forma, a forma, que permitirá deixar uma marca neste mundo, na vida, além, portanto, de nos limitarmos a passar pela vida ou a vida por nós.
Quebrar regras... mas quê? À custa de princípios, valores, quadros de referência?
Se eu concretizar as minhas ambições, tornar os meus sonhos realidade, alienando valores e princípios, pisando tudo e todos à minha volta, ficarei satisfeito? Estou a ser justo, honesto?
Engano os que se cruzam comigo, roubo, minto, faço trapaça. Como é que sou visto? Mais e, principalmente, como é que me vejo, olhando para dentro? Consigo enganar-me a mim próprio, agora a quente e depois, mais a frio? Sou desonesto para comigo mesmo. Tiro os espelhos todos da minha vida?
E depois, o que resta? O que fiz e atingi, tem valor? O que digo e faço é admirável ou lamentável. Tem moral, é imoral ou amoral.
Há que nos pormos em causa. Há que agir sempre como se estivéssemos a ser observados. Começar por ser honestos, transparentes, connosco, visíveis e com bom reflexo ao espelho ou à janela.
Jorge Saraiva