4.8.09

 


 


Afinal, só é digna de desejo a pessoa desejável por outros e, logo, passível de ser levada.

 

O binómio desejo/ciúme é altamente interactivo: enquanto outros sentimentos surgem independentemente da existência ou não de outra pessoa (a tristeza, a alegria, a ansiedade, a esperança), o ciúme ligado ao desejo, como o desejo ligado ao ciúme, envolvem e afectam necessariamente um outro, íntimo, com grande envolvimento emocional.

Emoção ou instinto básico, o desejo sexual pode ser avassalador, no sentido em que, quando a razão autoriza, ou pura e simplesmente não interfere, é ao corpo que se obedece, e de bom grado se cede à sua urgência e intensidade. Várias vezes, a satisfação do próprio desejo inclui a satisfação do desejo do outro; mas invariável é a vontade de o possuir.

O sentimento de posse, com nuances diferentes ou não, é também afim ao ciúme, e a ele se cola o medo de se perder o que se possui. Na nossa sociedade actual, o ciúme será maioritariamente visto como um sinal de imaturidade, associado a baixa auto-estima, insegurança, falta de racionalidade, raiva e vingança. Já se viu aliado à honra e à moral, como prerrogativa masculina essencial na manutenção de relações estáveis e duradouras, logo à preservação da família. Poderá dizer-se que mesmo hoje em dia, algum ciúme como condimento, sinal de amor e de dedicação à relação quer-se presente. Mas só quando não resvala para o excessivo.

Isto acontece quando a irracionalidade do medo desproporcionado de perder o parceiro para outra pessoa, e das dúvidas (mais ou menos delirantes) em que este medo assenta, conduz a uma desconfiança excessiva e insuportável, empurrando a pessoa ciumenta, numa tentativa de aliviar o seu sofrimento, para comportamentos inaceitáveis ou bizarros, por vezes violentos, e acarretando muito sofrimento para a outra parte. O ciúme excessivo encaminha invariavelmente a relação para o seu fim, pelo menos enquanto relação salutar. Torna-se imprescindível reconhecê-lo e tentar saná-lo.

 

Ana Álvares

(Imagem: Desejo, de Ana Isabel Camilo)


 

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Link deste ArtigoPor Mil Razões..., às 23:09  Ver comentários (2) Comentar

3.1.09

 



 


Iniciamos a saída do velho ano com os preparativos para a entrada do novo ano, com todas as esperanças de que este nos traga tudo, mas tudo, o que desejamos.

Por isso não podemos esquecer o que possa dar uma “mãozinha” à sorte, ornamentamo-nos com tudo e mais alguma coisa, seja de tradição, religião ou apenas superstição. A religião até pode ser cristã, muçulmana, budista, judaica ou qualquer outra de que nunca ouvimos falar, desde que isso signifique muita sorte.

Juntamos todas as pecinhas que fazem parte de uma longa tradição, passada de pais para filhos, mais aquelas que soubemos, ou de que ouvimos falar na fila para comprar o bolo-rei. E claro está, não esqueçamos as bugigangas que fazem parte da história das superstições.

 

Começamos logo na escolha das cores da farpelinha e temos a preocupação de abranger todos os campos: vermelho para a paixão e amor, branco para a paz, o azul claro para a saúde, o verde para mais isto, o preto para mais aquilo. Resultado final: a impossibilidade total de olhar para o espelho para nos certificarmos até que ponto conseguimos conjugar todas as cores de uma forma elegante.

Não podemos esquecer todas as recomendações e lá vamos nós sair de casa com uma peça de roupa interior azul clara, que conseguimos à última da hora numa loja ali mesmo ao lado do nosso local de trabalho. Acabamos o ano com o número abaixo e começamos o novo, um bocadito apertados, mas que importa isso perante a sorte que uma cueca azul, nova, nos possa trazer.

 

Aproxima-se a meia-noite e de repente tornamo-nos nuns verdadeiros malabaristas, numa mão doze passas que dividimos com outra peça nova de roupa que vamos vestir no dia seguinte, na outra mão seguramos o copo de champanhe e uma nota toda enrolada. Começamos, ao som das badalada, a comer as passas e a pedir os nossos desejos, empoleiramo-nos, precisamente à meia-noite, em cima de um banco, ou do que estiver mais a jeito (desde que seja alto) e no entretanto tentamos deitar fora uma coisa velha que guardamos no bolso para nos despedirmos do ano que acaba de passar.

Bebemos o líquido das borbulhas que se encontra no copo que seguramos todo este tempo sem saber bem como e depois de umas beijocas é com grande sorriso que gritamos “Feliz Ano Novo”.

 

E pronto, já está! Com todos estes rituais asseguramos que começamos o ano a fazer o que nos é possível para trazer a sorte até nós e permitir que este ano seja uma ano sensacional e muito feliz.

 

Do cimo da minha cadeira (de onde ainda não saí) desejo a todos um ano muito feliz.

 

Susana Cabral

 
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