13.7.10

 

Como profissional de saúde mental vejo-me muitas vezes confrontada com o dilema ético de dar a conhecer, ou não, o diagnóstico ao próprio doente.
O objectivo deste artigo, não é o de convencer o doente com esquizofrenia a tratar-se, mas o de ensinar como tornar-se num esquizofrénico. Isto porque verifico muitas vezes um desencontro entre as duas realidades, a do mundo clínico e a do mundo do doente; assim, quero fazer uma aproximação humorística da situação.
 
Alerto desde já que ser esquizofrénico não é para qualquer um, é uma tarefa árdua e difícil. Não é esquizofrénico quem quer, depende de um desenrolar abrupto de acontecimentos. Essa constelação de acontecimentos pode começar com o nascimento nos meses frios, ter problemas no parto, suportar viroses precoces; é o que os investigadores até hoje procuram.
O mais importante é ter ideias delirantes, alucinações, ter um discurso sem organização, possuir um comportamento claramente desorganizado ou catatónico. Quem andar à procura de saber se é esquizofrénico, olhe para si próprio e verifique se tem dificuldade em contactar com os outros por nunca saber em que onda eles estão, se é difícil manter a sua concentração, se nunca percebe bem o que os outros querem dizer.
Com todo este trabalho até pode tornar-se num pequeno génio cheio de originalidade. De facto, é possível que desenvolva habilidades adicionais, como notar pormenores que ninguém notara antes, ou saber usar indistintamente as duas mãos quando a maioria das pessoas usa a direita (ou a esquerda no caso dos canhotos), por exemplo, para escrever.
 
Uma coisa importante é, para já, ter uma vida rotineira de modo a não se confrontar com situações imprevisíveis e tumultuosas onde teria de pôr à prova as suas emoções. Isso ficará apenas para pouco antes do início da doença, uma coisa de cada vez! Sobretudo, nada de namoros e muito menos contactos físicos com o outro sexo. Sabe como essas situações podem ser emocionantes, mas deve esforçar-se por nunca aprender a lidar com as emoções. Pode apenas permitir-se a uma ou outra paixão platónica, quanto mais impossível, melhor. Bom bom, é que essa paixão só exista na sua cabeça e depois comece a falar de si para si. O exercício que lhe lanço é mesmo esse: fale de si para si e permita responder-se a si mesmo.
 
Outro exercício que lhe proponho é que leia muito sobre tudo e depois confunda tudo, criando um curto-circuito no seu cérebro, queimando alguns fusíveis. Assim, vai ter sempre confirmadas as suas ideias e as suas previsões. Com esta postura, haverá algum afastamento por parte dos outros, mas não se preocupe porque está no bem caminho. Retraia-se se lhe chamarem autista; não lhes dê ouvidos.
As palavras e as coisas transfiguram-se e mudam de significado para lhe confirmarem essas verdades. As pessoas já não falam do mesmo modo, mas por sinais codificados que só você compreende. Tudo gira à sua volta e sente que tem controlo sobre o mundo.
 

Sónia Moura Sequeira

 

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9.7.10

 

Os estados emocionais são condição essencial da experiência humana. Traduzem sensações subjectivas, positivas e negativas, que variam em intensidade e duração, sendo de carácter transitório e sensível às experiências do indivíduo. São resultado da actividade cerebral e influenciam áreas específicas do funcionamento neurocognitivo como a atenção e a motivação, determinando o que é relevante para os seres humanos. Nesta medida, são consideradas uma representação da saúde psicológica do indivíduo e possuem um amplo papel no ambiente clínico.
Não existe uma taxionomia ou teoria para as emoções que seja geral ou aceite de forma universal e é grande a panóplia das emoções vivenciadas por todos nós. De entre as diferentes emoções, onde se pode incluir o prazer, a alegria, a euforia, o êxtase, a tristeza, o desanimo, a depressão, o medo, a ansiedade, a raiva, a hostilidade e a calma, a depressão e a euforia apresentam características opostas. Isto porque o sintoma cardinal da depressão é o humor disfórico, termo que implica tristeza, geralmente incluindo perda de interesse ou prazer na maioria das actividades da vida. Já a euforia é um estado de espírito caracterizado por uma satisfação e alegria fora do normal, aceleração extrema e inquietude, estimulando o impulso para compras e a hiper-sexualidade, entre outras reacções. Então, euforia e disforia são dois estados opostos, tal como alegria e tristeza e felicidade e infelicidade.
 
Do ponto de vista da utilidade, os estados emocionais são auto-reguladores e, pela informação que transmitem, podem ser poderosos aliados em termos de conduta. Mas esta aliança nem sempre acontece, já que o ser humano tende para a rigidificação ao nível do pensamento e é com grande facilidade que se deixa guiar por aquilo que sente sem pensar muito sobre o que está a acontecer.
A meu ver, tal como nos relacionamos com os outros, relacionamo-nos com nós próprios e com os nossos estados emocionais (não só a euforia e a disforia, como com todos os outros). Neste processo, a relação estabelecida pode ser adaptada, com os estados emocionais a serem usados como forma de orientação e regulação pessoal, ou desadaptada, quando as pessoas são apenas veículos para a sua expressão desorganizada. Daí que seja importante que cada um de nós se pergunte regularmente: Que tipo de relação tenho com as minhas emoções? Esta relação é vantajosa para mim?
 

Ana Gomes

 

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25.6.10

 

O sono é essencial para a vida e é a base de muitas funções fisiológicas e psicológicas do organismo, como sejam a reparação dos tecidos, o crescimento, a consolidação da memória e a aprendizagem. Sempre ouvimos dizer que dormir o suficiente é fundamental para ter um bom desempenho e manter a saúde.
 
Mas, quanto precisamos, afinal, de dormir? Trata-se de uma pergunta não só de interesse social, mas também científico que tem sido objecto de várias pesquisas. O número de horas anunciadas pela maioria dos especialistas é de 8 horas. Mas, enquanto algumas pessoas dizem que não se sentem descansadas com menos de 9 ou 10 horas de sono, outras sentem-se muito bem dormindo menos de 6 horas por noite. Então, a necessidade individual de sono depende de hábitos, ou dos nossos genes? Uma pesquisa publicada na revista Sciences refere a existência de influência genética no número de horas que cada individuo precisa para se sentir descansado.
 
Sabemos que nem sempre se consegue um sono reparador e de qualidade. Causa ou consequência disso são as perturbações do sono. Entendendo-se como perturbação, o distúrbio que causa problemas ao indivíduo nas suas interacções com o ambiente. Estas perturbações podem ter várias etiologias, e, de acordo com isso, podem dividir-se em quatro grupos:
1. Perturbações primárias que não derivam de nenhuma causa externa, originando-se no próprio indivíduo;
2. Perturbações decorrentes de transtornos psiquiátricos como a ansiedade, depressão, psicoses, etc.;
3. Perturbações que decorrem de alterações físicas em geral, que prejudicam o sono, como falta de ar, dores, desconforto;
4. Perturbações do sono induzidas pelo uso de medicação ou outras substâncias.  
 
Falando de sono, não podemos deixar de referir o sonho, pela estreita relação existente entre ambos. E, tal como o sono, o sonho também pode ser bom e apaziguador, ou, pelo contrário, todos já experimentamos sonhos que nos causaram inquietação. Freud, um dos autores que mais estudou esta temática, dizia que os sonhos, na sua maioria, são como que guardiões do sono e protegem a pessoa que dorme das excitações demasiado vivas e das tensões insuportáveis da vida quotidiana, que a impediriam de descansar (será por isso, segundo o autor, que a maior parte dos sonhos não nos acorda nem deles nos lembramos ao despertar), além de exprimir uma realização de desejos.
Foram muitos os discípulos de Freud que como ele se ocuparam do estudo dos sonhos. Wilhelm Stekel, dizia que “sonhar significa viver o passado, esquecer o presente e pressentir o futuro”. Jung, ao analisar inúmeros sonhos dos seus pacientes concluía que o sonho possui forças naturais que auxiliam o ser humano no seu processo de individualização. 
 
E, como tão bem diz o poema de António Gedeão, “O sonho comanda a vida”, serão os nossos sonhos, e a luta pela sua realização que nos ajudam a caminhar, crescer, e…viver? Eu acredito que sim.
 

Ana Santos

 

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15.6.10

 

De olhos fechados continua a ouvir o tic-tac do relógio. Não quer abrir os olhos para ver as horas, mas, ao mesmo tempo, o coração começa a bater mais forte. ”Já passou mais uma hora e não consigo dormir… amanhã tenho de acordar cedo e já só tenho quatro horas para dormir”. Assim continuam os pensamentos a rolar numa cabeça demasiado ansiosa para relaxar. ”Que raiva! O que me está a acontecer?! Porque não consigo dormir?!. Há dias que não durmo, estou tão cansada!”. De repente rolam umas lágrimas de inquietude e sofrimento… Trinta minutos mais tarde, depois de uma mente esgotada, o organismo ressente-se e acaba por adormecer.
 
Triiiiiiiimmmmm!!!!
Abre os olhos arregalados, com o coração aos saltos! Assustada, ainda desorientada, pergunta-se onde está. Um minuto mais tarde começa a perceber que está na sua cama e que está a acordar de um sono de três horas. Mais um dia, menos uma noite tranquila. Fatigada, levanta-se. Sente-se inquieta. Prepara-se para o trabalho sem vontade nenhuma, mal se arranja, mal toma o pequeno-almoço. Sai para a rua. O coração continua apertado. ”O que se passa comigo? Porque estou assim tão ansiosa?”. Evita o contacto ocular com os de mais transeuntes. Entra no metro, que provação! Começa a sentir as mãos a suar, sente-se incomodada, só quer sair dali. Irrita-se. Tem o rosto marcado por um olhar de ódio.
Finalmente chega ao trabalho. Senta-se na sua secretária, esboça um sorriso amarelo aos colegas e começa a arranjar a secretária. “Esta papelada vem para aqui, estes documentos são para arquivar…”. Controla todos os pormenores da sua mesa, sabe que tem controlo sobre o trabalho, por momentos sente o coração sossegado, tranquiliza-se e perde-se neste mundo. Não ouve nada ao seu redor, perde todas as interacções entre os colegas e todas as que a ela se dirigem. De repente ouve a chefe chamar o seu nome. Estremece. De novo palpitações, toda ela em alerta.
- Ana, venha ao meu gabinete. Silenciosa, caminha como se percorresse o corredor da morte.
- Diga.
- Ana, acho que tem feito um bom trabalho até agora, mas estou preocupada consigo. Parece-me pálida, tem estado alheada, isolada. O que se passa?
- Nada, chefe. Está tudo bem.
Sente uma vontade de chorar. Por mais que quisesse explicar o que se passa, nem ela própria o sabe. Só sabe que está sempre preocupada, em alerta, não consegue dormir, e facilmente se irrita, pelo que prefere estar sozinha.
 
De novo em casa, dói-lhe o peito, sente uns apertos no coração. Começa a sentir medo de ficar assim para sempre, medo de ter um ataque cardíaco, de perder o controlo da sua vida, de não conseguir atingir o que sempre quis, de não ter carreira, de ficar só no mundo, de nada lhe restar… Estes anseios manifestam-se na sua mente a uma velocidade estonteante. No entanto as horas passam e apesar de esgotada, os olhos teimam em não cerrar. Esbugalhados, fixam mais uma madrugada. Desespera mais uma vez, angustiada. Na sua cabeça surge uma necessidade: “Não aguento mais isto, não pode ser assim para sempre. Preciso de respirar, de dormir, de viver.” Entre lágrimas desabafa: “Preciso de ajuda.”
 
Cecília Pinto
 
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4.6.10

 

Imagine uma situação: Vai a uma festa com uma amiga, vão muito bonitos, bem vestidos. Ao chegar à mansão saem do carro e dão a chave ao porteiro para arrumar o carro. Entra com a sua amiga no jardim, ao fundo avista o palácio, lindíssimo. Entra no salão onde toda a gente come, bebe, dança e se diverte. Não conhece uma única pessoa e a maioria fala russo. De repente a sua amiga vê uma amiga que já não vê há muito tempo e decide ir cumprimentá-la. Actuando com grande à-vontade, não vendo nenhum inconveniente, dizem: "Até já!".
Passada meia hora, deixa de a ver e vai à procura dela. Não a encontra. Pensa em sair dali, mas os seguranças dizem que não pode sair dali sozinho. Pensa em começar a relacionar-se com as pessoas, mas elas olham-no de alto a baixo e dizem que não estão interessadas em "falar consigo".
Peço-lhe que imagine como se sentiriam nesta situação.
 
O tempo vai passando e tem que sobreviver ali dentro. As pessoas continuam a divertir-se, a comer, a beber, a dançar e por mais que tente não conseguem sair do salão. Umas vezes tenta sair, até à exaustão, e depois relaxa e entra em depressão. Passaram seis anos e continua ali. Aparece um rapaz que pergunta: "– Onde é a casa de banho?".
 
Sei que acha esta história impossível, mas ela serve para mostrar o modo de funcionamento de alguém com psicose.
Para ele o mundo é um salão fechado, sente-se sempre preso neste mundo e vive a tentar libertar-se, sem saber bem de quê. Acha que toda a gente vive neste mundo a divertir-se, que a vida é uma festa em que todos se divertem, menos ele. Tem a "mania da perseguição" - vê as pessoas olharem-no de cima a baixo – delírio.
As tentativas de fuga até à exaustão e, logo a seguir, o entrar na depressão, referem-se à Perturbação Bipolar, com episódios maníacos e episódios depressivos, que podem levar à desistência – suicídio.
O amigo que aparece ali, o único que fala a mesma língua, é um cuidador, que pode ser um professor, um amigo, um psicólogo.
 

Sónia Moura Sequeira

 

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1.6.10

 

 

A Perturbação Bipolar, antes denominada Perturbação Maníaco-depressiva, insere-se no grupo mais amplo das Perturbações do Humor, onde se inclui também a Perturbação Depressiva.
Para a compreensão deste grupo e das perturbações que lhe estão associadas, é necessário ter em conta os diferentes episódios de alteração do humor – Episódio Depressivo, Episódio Maníaco, Episódio Misto e Episódio Hipomaníaco – que servem como princípios orientadores para o diagnóstico de uma Perturbação do Humor.
Muito sucintamente, a característica essencial de um Episódio Depressivo é um período (pelo menos 2 semanas) durante o qual existe ou humor depressivo ou perda de interesse em quase todas as actividades.
Um Episódio Maníaco é definido por um período distinto (pelo menos 1 semana) durante o qual existe um humor anormal e persistentemente elevado, expansivo (i.e., eufórico, excepcionalmente bom, alegre ou elevado) ou irritável, com frequente labilidade do humor.
Um Episódio Misto é caracterizado por alterações do humor (pelo menos 1 semana) de modo rápido (tristeza, irritabilidade, euforia) acompanhadas por sintomas de Episódio Maníaco e Episódio Depressivo.
Finalmente e tal como o Episódio Maníaco, o Episódio Hipomaníaco é definido por um período distinto (desta vez de pelo menos 4 dias) durante o qual existe um humor anormal e persistentemente elevado, expansivo ou irritável. No entanto e em contraste com o Episódio Maníaco, o Episódio Hipomaníaco não é suficientemente intenso para provocar uma clara deficiência no funcionamento social ou ocupacional.
Para o diagnóstico de uma Perturbação Depressiva é necessária a ocorrência de um ou mais Episódios Depressivos, sem história de Episódios Maníacos, Mistos ou Hipomaníacos. Já no caso da Perturbação Bipolar, que se subdivide em Perturbação Bipolar I e Perturbação Bipolar II, para o diagnóstico da Perturbação Bipolar I é necessária a ocorrência de um ou mais Episódios Maníacos ou Episódios Mistos (frequentemente com história de um ou mais Episódios Depressivos), para o diagnóstico da Perturbação Bipolar II é necessária a ocorrência de um ou mais Episódios Depressivos acompanhados de pelo menos um Episódio Hipomaníaco (DSM-IV-TR).
 
Admite-se hoje, em geral, a existência de numerosas formas de transição entre estados depressivos e maníacos, para além das formas supra citadas. A Perturbação Bipolar é apenas mais uma das expressões que as Perturbações de Humor podem ter e distingue-se da Perturbação Depressiva pela inclusão de episódios, quer maníacos ou mistos (I), quer hipomaníacos (II). Esta síntese que não abarca, de todo, a complexidade que é a Perturbação Bipolar, pretende apenas dar a perceber a instabilidade, ao nível da alteração de humor, que é característica desta perturbação. Para estes doentes a fonte da instabilidade são as emoções, que lhes provocam oscilações (na forma de episódios) que podem variar entre a tristeza profunda e a alegria extrema. Este salto constante entre um pólo e o outro (daí a designação “bipolar”), resulta de cognições desajustadas, interpretações erróneas da realidade, que provocam pensamentos e sentimentos, quer excessivamente positivos, quer excessivamente negativos. Assim, o rebuliço interno típico dos episódios que caracterizam esta perturbação, causa transtorno significativo e provoca grande sofrimento (que depende da intensidade e frequência dos episódios) naqueles que padecem desta doença.
 
A maioria de nós usa uma balança interna para pesar os acontecimentos da nossa vida. Num prato colocamos os prós, no outro os contras, e fazemos um balanço que pode levar a continuar, ou mudar de estratégia(s). Imagine agora o que seria se, como resultado de um ou mais episódios de alteração do humor, só usasse um prato dessa balança de cada vez. Num dia pesa apenas o positivo e, como não colocou nada no outro prato, o positivo leva o prato ao fundo. No outro dia, pesa apenas o negativo. Consegue conceber esta cisão emocional?
 
Ana Gomes
 
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28.5.10

 

 

Sim… viver com uma fobia é estar constantemente expectante de um desencadeamento de pensamentos que levam ao limite – assim de repente – e fazem sofrer de tal maneira que tudo à volta perde sentido… E o principal? É mesmo a sobrevivência e a saúde mental.
Viver, sempre a desejar que isso nunca tivesse tido um início… ou que agora tenha um fim… Em crises agudas, pensamentos acerca da morte, ou da impotência perante tais sentimentos, são prementes e persistentes. O que fazer com a vida quando se está limitado dentro de um medo, de um receio constante?
Sim, o mundo é perigoso… Esta é a premissa para todos os medos exacerbados e irracionais que a partir daí podem ser construídos e desenvolvidos.
Opção 1: - Sim, é perigoso… mas vivo e quero viver!
Opção 2: - Sim, tão perigoso que não consigo viver sem pensar que a qualquer momento poderei morrer!
Qual das duas opções? Obviamente a primeira que, com flexibilidade e racionalidade, permite confiar na vida e esquecer o pensamento “mau” e intrusivo que assombra a pessoa fóbica.
A essência? Perigo conjugado com descontrole.
A base? Crenças irracionais.
Cura? 100% enfrentamento. Digamos que com técnicas medicamentosas é possível viver adaptativamente, apesar de que sempre dependente: retirada a medicação, o medo continua.
É importante perceber que sentir medo é fundamental e faz parte da sobrevivência do ser humano. Caso contrário, como fugir de um estímulo aversivo? Como optar entre lutar e fugir perante uma ameaça de morte? O medo impulsiona para a acção.
O medo só se torna um inimigo insuportável quando nos deixamos dominar por ele. Quando os pensamentos lançam mentiras que fazem bloquear.
 
Uma vez disseram-me que as pessoas com algumas doenças mentais eram dotadas de um grau elevado de inteligência. E eu remato que sim, isso poderá ser possível e ter a sua lógica… mas estas seriam mais dotadas ainda se, com toda a sua inteligência, conseguissem manter uma atitude e pensamentos saudáveis e adaptativos. Aí sim, utilizariam a sua inteligência para o seu bem!
 
Ana Lua
 
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