Foto: Fake Tattoo – Shari Weinsheimer
No grande livro da nossa vida, os dias que vivemos são escritos em páginas onde definimos aquilo que somos, o que fazemos e como o fazemos.
É nelas que demonstramos que a nossa vontade de fazer mais e melhor define o nosso caráter.
Nestas páginas descrevemos as nossas ações e personalizamos as margens da nossa essência. Quando aquilo que somos, a nossa realidade, a nossa essência é distorcida, estamos, sem querer, a viver numa mentira, numa ilusão ou fantasia. Desconfiguram-se as linhas traçadas por aquilo que é autêntico para nós e acabamos por não conseguir definir a verdadeira autenticidade.
Ao afastarem-nos daquilo que consideramos autêntico, legítimo, verdadeiro, sincero, aqueles que o fazem levam-nos a pensar que agimos de maneira diferente do que nos impele a nossa consciência. Acabamos por nos deixar influenciar por opiniões que nos levam a crer que aquilo que somos vai contra o que é definido como “normal”, ao padrão do que é aceitável, não só por nós mesmos mas pela sociedade.
É um afastamento forçado que confunde a autenticidade, a unidade da nossa essência e contrapõe as premissas legítimas da sociedade de que todos somos iguais. E, desta forma, acabamos por viver afastados daqueles padrões e caraterísticas que muitos consideram normais e o reflexo da verdade certa. Caraterísticas como cor de pele, estatuto social, etnia, condições físicas e psicológicas, que muitas vezes são díspares mas não menos autênticas.
Somos marginalizados pelos gostos pessoais, olhados de lado pelo piercing no lábio, postos de parte pelo corpo coberto de tatuagens… fecham-nos a porta a oportunidades por uma deficiência, queimam-nos vivos pela crença… fazem troça de quem é diferente, afastam quem se comporta… gozam, insultam, matam, ferem, magoam… marcam.
Cabe-nos a nós sarar as feridas… disfarçar as marcas… marginalizados??? Só e apenas se o deixarmos… não somos cópias baratas do que está na moda… não somos cópias baratas do perfeito e convencional… somos feitos de defeitos, de feitios, virtudes, traços, de personalidades… não somos cópias baratas, somos o original.
P. Melo